Petróleo e Gás

Após denúncias, Petrobras vai rever postura para lidar com casos de assédio

Funcionárias da companhia relatam agressões por parte de chefes e colegas de trabalho; FUP cobra medidas mais firmes para prevenir assédio em plataformas

Após denúncias, Petrobras vai rever postura para lidar com casos de assédio. Na imagem: Mulher passa em frente à fachada do edifício sede da Petrobras (Edise) na Avenida Chile, no Rio de Janeiro
Fachada do edifício sede da Petrobras (Edise) na Avenida Chile, no Rio de Janeiro

BRASÍLIA — A Petrobras anunciou na segunda (3/4) a criação de um grupo de trabalho para rever os procedimentos internos para denúncias de assédio e importunação sexual contra mulheres. A medida foi tomada após relatos de agressões a funcionárias por parte de chefes e colegas de trabalho da empresa.

Em grupo no WhatsApp, trabalhadoras da Petrobras relataram mais de 50 casos que ocorreram com ela ou terceiras enquanto estavam embarcadas ou em outras unidades da empresa. A informação foi divulgada pela GloboNews.

Em nota, a estatal afirmou que, até 20 de abril, serão apresentados os resultados do diagnóstico e as providências a serem tomadas pelo comitê.

Dentre os itens que serão avaliados estão os procedimentos de proteção às denunciantes e de aplicação de punições, além das funções das áreas responsáveis pela investigação das acusações.

O GT será coordenado pela gerente executiva de Saúde, Meio Ambiente e Segurança da Petrobras, Daniele Lomba, e composto por membros de áreas administrativas e operacionais e representantes da presidência, ouvidoria, saúde, segurança e recursos humanos.

A nova gestão da companhia repudiou os episódios de violência contra mulheres e disse que vai propor ações de conscientização e prevenção contra assédio em toda a organização. Também reforçou o compromisso com a proteção e o acolhimento das vítimas.

“A Petrobras manifesta sua total solidariedade a todas as mulheres que passaram por situações de constrangimento ou violência em seus ambientes de trabalho”, disse em comunicado.

A fim de apurar os casos, a empresa está buscando encorajar mulheres a registrarem suas denúncias por meio de um canal interno.

“A companhia estimula que as mulheres que tenham vivenciado ou estejam vivenciando situações de assédio sexual registrem seus relatos no Canal Denúncia. Por meio desses registros, a companhia poderá tomar as medidas cabíveis para apuração e aplicação de sanções”

FUP cobra medidas mais firmes

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade que representa os petroleiros, também manifestou apoio, nesta segunda, às mulheres que denunciaram assédio e discriminação dentro da Petrobras. A instituição pede uma postura mais firme quanto à prevenção de assédio na empresa.

“Toda e qualquer atitude que fira os direitos de sua equipe de colaboradores é condenada e merece ser investigada a fundo”, reiterou, em nota.

A diretora da FUP e do Sindipetro-ES, Patrícia Jesus, disse que “o coletivo de mulheres da FUP vem cobrando efetividade no combate aos assédios e abusos há tempos” e afirmou ainda que, na primeira reunião da gestão, a entidade entregou uma carta ao presidente Jean Paul Prates pedindo a retomada das comissões de diversidade e ações de combate contra as opressões dentro da Petrobras.

Outras representantes da FUP afirmam que o trabalho de combate ao assédio requer atuação conjunta entre os sindicatos e a empresa, embora não tenha ocorrido.

“Infelizmente isso não vem acontecendo, apesar das cobranças constantes das entidades e dos coletivos de mulheres petroleiras”, pontua Cibele Vieira, diretora do Sindipetro-SP.

Já a diretora do Sindipetro-NF, Bárbara Bezerra, conta que, na maioria das vezes, as mulheres agredidas não denunciam por temerem retaliações. “Quando uma mulher denuncia um abuso, seja físico ou emocional, ela tende a ser desacreditada pelas pessoas a sua volta”, explicou.