RIO – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, atribuiu o apagão no Sistema Interligado Nacional (SIN), desta terça (15/8), em parte, a uma sobrecarga no sistema de transmissão do Ceará. As causas da interrupção no fornecimento, no entanto, ainda estão sendo apuradas.
Pelas características operacionais do SIN, explicou o ministro, é provável que tenha havido um segundo problema no sistema. O governo ainda apura se houve ou não problemas operacionais no Linhão de Tucuruí, no Norte.
“Para acontecer um evento dessa magnitude, tivemos dois eventos concomitantes em linhas de transmissão de alta capacidade”, disse, durante coletiva de imprensa.
“O último relatório do ONS [Operador Nacional do Sistema] aponta que o único evento que se pode afirmar até o momento ocorreu no norte do Nordeste, mais precisamente no Ceará. Ainda não há outro evento ainda apontado, mas em consequência da robustez do sistema leva-se a atribuir a um segundo evento”, complementou.
Silveira comentou que, por uma contingência planejada pelo ONS, a carga das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foi reduzida para que não houvesse interrupção total do fornecimento a essas regiões.
Silveira critica privatização da Eletrobras
O ministro aproveitou o apagão para fazer críticas à privatização da Eletrobras – que, segundo ele, exerce posição estratégica para garantia da segurança energética.
“[A privatização da Eletrobras] Tirou a possibilidade de termos um sistema mais harmônico do sistema nacional. A mudança de ontem [pedido de demissão de Wilson Ferreira Júnior], da forma como foi feita, reafirma como a privatização fez mal, sim, ao Brasil”, disse.
Silveira tentou afastar comparações com a crise energética de 2021, ocorrida no governo Bolsonaro após uma crise hidrológica.
“Diferentemente de dois anos atrás, que, por falta de planejamento tivemos um colapso, o sistema trabalhou na bandeira vermelha e foi necessária a contratação emergencial de térmicas, agora não. Há planejamento, segurança, os reservatórios estão cheios”, complementou.
Silveira afirmou ainda que, devido aos ataques a torres de transmissão por grupos golpistas, no início do ano, o governo levará em consideração tanto a possibilidade de falhas técnicas no sistema quanto eventual dolo. O ministro disse que solicitou ao Ministério da Justiça para que seja instaurado inquérito policial para apurar com detalhes os eventos.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, antecipou o retorno de sua viagem ao Paraguai após o apagão.
Ele falou com a imprensa às 16h30. A coletiva foi transmitida pelo canal da epbr no Youtube:
Interrupção afetou todos os estados, exceto Roraima
O fornecimento de energia elétrica foi totalmente normalizado às 14h49 desta terça (15/8) após um apagão que afetou todas as regiões do Brasil, segundo o MME.
A falta de energia começou às 8h31 com a interrupção da interligação Norte/Sudeste do SIN.
De acordo com o ONS, houve um corte de 18.900 MW mil MW de carga – o equivalente a 29% do total.
Houve relatos de falta de energia em municípios de todos os estados brasileiros, com exceção de Roraima, que não está ligada ao SIN.
De acordo com o ONS, houve uma ocorrência no sistema que provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, com abertura das interligações entre essas regiões. Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia.
“A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada para evitar propagação da ocorrência”, afirmou em nota o operador.
Esse procedimento de corte de cargas – conhecido como Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac) – acontece de forma automática quando alguma ocorrência é identificada no SIN e ocorre para proteger o sistema elétrico de danos maiores.