Mercado de gás

ANP indica modelo mais brando de desverticalização para infraestruturas de gás

AIR da regulamentação do acesso de terceiros sugere separação contábil no setor

Trabalhadores em planta de gasodutos da Comgás (Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação Comgás)

RIO – A diretoria da ANP aprovou, nesta quinta (16/5), o relatório da Análise de Impacto Regulatório (AIR) do grupo de trabalho criado para regulamentar as diretrizes e princípios do acesso negociado e não discriminatório de terceiros às infraestruturas essenciais de gás natural – gasodutos de escoamento, unidades de processamento e terminais de GNL.

Um dos destaques do relatório é a indicação do GT por um modelo mais brando de desverticalização, baseado na separação contábil da atividade e exigências de informações adicionais aos agentes verticalizados – alternativas ao modelo de separação funcional. A minuta da resolução que tratará do assunto, contudo, ainda será discutida.

A relatora do caso, a diretora Patrícia Baran, afirmou que as alternativas indicadas pelo GT são “menos incisivas”, sobretudo num contexto de uma regulamentação inédita.

A Lei do Gás, de 2021, vedou explicitamente apenas a relação societária entre transportadores de gás e os outros elos da cadeia.

No início do ano, contudo, a procuradoria da ANP concluiu que a agência tinha bases legais para exigir a separação societária como medida de desverticalização dos elos da cadeia.

Baran alegou, contudo, que a adoção dessa medida, dentre outros aspectos, seria uma exigência “complexa e custosa” para os operadores, “sem que fosse avaliada a eficácia das medidas regulatórias menos intervencionistas” como as alternativas apontadas.

 GT terá mais seis meses para concluir trabalhos

Junto com a aprovação do relatório da AIR, a diretoria da ANP prorrogou por mais seis meses o prazo das atividades do GT, para conclusão da regulamentação – uma das prioridades da agência para 2024.

Os custos e condições de acesso dos agentes à infraestrutura de gás estão no radar do governo federal. O diagnóstico das discussões do programa Gás para Empregar é de que o custo da infraestrutura no Brasil é caro.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu em abril, na gas week 2024, uma “regulação firme” para que o acesso aos gasodutos de escoamento e às UPGNs não seja mais uma barreira.

O governo sinaliza, ainda, para um enforcement na regulação da ANP – e, assim, destravar agenda regulatória.

Para aonde vai a regulamentação do acesso

O relatório da AIR sobre o acesso às infraestruturas essenciais lista as alternativas regulatórias prioritárias na discussão de cada tema analisado pelo GT. Não se trata, ainda, da minuta de resolução.

Em resumo:

  • Desverticalização: exigir separação contábil da atividade, além de exigência adicionais para agentes verticalizados;
  • Preferência do proprietário: revisada periodicamente pela ANP; volumes de preferência não podem crescer;
  • Negociação: prazos e procedimentos definidos e supervisionados pela ANP;
  • Resolução de conflitos: dar preferência à conciliação e mediação, mas ANP tem poder de ofício de resolução se negociação se alongar;
  • Diretrizes e código de conduta e prática de acesso:  ANP aprova previamente o código elaborado por operadores, usuários e terceiros;
  • Disponibilização de informações: ANP define quais informações mínimas devem ser prestadas, bem como o prazo para tal;
  • Prevenção e retenção de capacidade: obrigação de ofertas de serviços interruptíveis e adoção de mecanismos voluntários de gestão de congestionamento e prevenção da retenção de capacidade.

Ao votar a favor da aprovação da AIR, o diretor Fernando Moura destacou que o caminho apontado pelo relatório promove o “acesso equilibrado à competição” e o “dinamismo do mercado”, como prometido pela Nova Lei do Gás.