Internacional

Angola sai da Opep

País disse estar insatisfeito com política de cortes de produção de petróleo

Angola sai da Opep, anunciou nesta quinta (21/12) o Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo (Foto Divulgação)
Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo (Foto: Divulgação)

O governo de Angola anunciou nesta quinta-feira (21/12) que o país deixará a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) por insatisfação com a política de cortes na produção de petróleo. A decisão foi tomada nesta manhã pelo Executivo, na 10ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros do país.

O Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, afirmou que o país não concorda com a política de controle de preços que vem sendo executada pelo cartel.

“Mais cedo ou mais tarde, Angola seria obrigada a cortar a produção e isto vai em contramão com os nossos objetivos de lutar contra o declínio natural, de estabilizar a produção, o que demanda continuarmos a melhorar a nossa legislação, o ambiente de negócios e continuar com a estabilidade contratual, que tem sido marca da indústria de petróleo já há bastantes anos”, afirmou.

Brasil na Opep+

No fim de novembro, o governo brasileiro anunciou que iria passar a integrar a Opep+, grupo que inclui aliados do cartel e que não estão sujeitos às medidas de restrição de oferta para controle de preço. Na ocasião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou de uma reunião do bloco em que elogiou o papel do grupo em manter a “estabilidade dos mercados de petróleo e energia”.

Posteriormente, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o Brasil vai pautar na Opep+ a “importância de superar a política de combustíveis fósseis”. A fala foi durante a 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climática, em Dubai.

Crise interna no cartel

Liderado pela Arábia Saudita, o grupo tem reduzido a oferta para tentar manter os preços do petróleo próximos do patamar de US$ 80 a US$ 100 por barril. Atualmente, os cortes estão na faixa de 2,2 milhões de barris por dia.

O problema, segundo os integrantes que criticam a medida, é que o cartel está perdendo uma fatia do mercado para outros países, como os Estados Unidos, que estão batendo recordes de produção de óleo e gás. Para alguns membros, um patamar de preços mais baixos, na casa dos US$ 60 por barril seria suficiente.

A produção de óleo e gás em Angola está em declínio. O país produz 1,1 milhão de barris por dia de petróleo, bem abaixo dos 1,9 milhão que extraía no pico, em 2008.

Apesar de ter uma produção pequena e pouca margem de expansão, Angola pode causar um efeito maior do que o esperado com sua saída, pois expõe a crise interna do cartel, afirmou Javier Blas, da Bloomberg.

Ele ressalta que o contexto é diferente da saída recente de outros países, como Indonésia, em 2016, Qatar, em 2019, e Equador, em 2020. Isso porque Angola verbaliza uma insatisfação geral com a política saudita para o cartel e pode incentivar ações mais concretas de grandes produtores, como os Emirados Árabes.

O ministro angolano disse que foi “uma decisão de um país soberano que entrou de forma voluntária” e que “chegou o momento de nos concentrarmos mais nos nossos objectivos e metas” para o setor petróleo.

“Nós somos um país que quando estamos presentes em qualquer organização gostamos de estar lá para contribuir com resultados que sirvam os nossos interesses.”

A insatisfação de Angola não é recente. Em janeiro de 2021, o ministro já tinha afirmado que “…também somos patriotas. Se sentirmos que a nossa presença na Opep é prejudicial ao país, somos patriotas o suficiente para sair”.