BRASÍLIA – Parceria entre a Âmbar Energia, do grupo J&F, e o Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), quer explorar a viabilidade de aplicação do hidrogênio produzido a partir de biomassa na geração elétrica.
O plano é aproveitar os resíduos orgânicos da JBS como matéria-prima para fornecer biogás, que será reformado para obtenção de hidrogênio renovável. O energético irá, então, abastecer células a combustível para geração de eletricidade.
Com duração prevista de três anos, o projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) tem como meta a produção de biometano, hidrogênio renovável e eletricidade. Ao final dos três anos, as equipes da Âmbar e do Cepetro esperam escalar a tecnologia para o mercado, de olho no potencial de geração de hidrogênio renovável nas lagoas de tratamento de diversas indústrias.
A energia gerada será injetada na rede de distribuição, oferecendo uma opção de gás de baixo carbono para as indústrias locais.
Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia, afirma que a intenção é viabilizar a entrada do agronegócio no promissor mercado de hidrogênio.
“O plano inclui a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Andradina para explorar o potencial do biogás e do hidrogênio renovável na geração de energia, transformando planos em ações concretas”, destaca.
Entenda
O projeto do Cepetro com a Âmbar utiliza o hidrogênio renovável para a produção de eletricidade por meio de células a combustível. Segundo os pesquisadores, a tecnologia possui uma eficiência de conversão superior às tecnologias tradicionais.
Para gerar a energia são necessárias três etapas: a primeira trata do transporte e purificação do biogás produzido nas lagoas de tratamento dos frigoríficos da JBS, onde toda a matéria orgânica é depositada.
A lagoa foi convertida em um biodigestor, melhorando o tratamento do efluente e permitindo o armazenamento dos gases resultantes do processo. O biogás gerado é composto principalmente por metano, além de outros gases como dióxido de carbono, enxofre e oxigênio.
Hudson Zanin, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp e pesquisador do Cepetro, explica que, se o biogás in natura for diretamente utilizado em um motor, ocorre a corrosão das partes internas caras, tornando-as inutilizáveis. Por isso, o primeiro passo do projeto é purificar esse biogás através de filtros, removendo impurezas que não são metano.
A segunda etapa envolve a reformulação do metano presente no biogás para obter hidrogênio renovável.
Por último, na terceira etapa, o hidrogênio é empregado em uma célula a combustível, que produz energia elétrica com eficiência superior a 60%.
“Enquanto as termoelétricas que utilizam metano fóssil do pré-sal conseguem uma eficiência de conversão de 30% do gás em eletricidade, no nosso caso, quebramos o metano em hidrogênio renovável e depois o utilizamos em células a combustível para atingir uma eficiência muito mais elevada”, afirma o pesquisador.