Glasgow – O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), professor Petteri Taalas, fez um apelo pela redução do desmatamento da Amazônia, que já tem áreas em que a emissão de gases de efeito estufa supera o carbono absorvido pela floresta.
A WMO é uma agência especializada das Nações Unidas, responsável por promover a cooperação internacional em torno da ciência atmosférica, climatologia, hidrologia, e geofísica.
No primeiro dia da COP26, em Glasgow, a organização publicou um estudo sobre a situação do clima em 2021, ressaltando os eventos extremos que têm ocorrido e seus impactos.
O relatório ressalta que concentrações recorde de gases de efeito estufa e seu calor associado impulsionaram o planeta para “um território desconhecido, com repercussões de longo alcance para as gerações atuais e futuras.”
Sobre o Brasil especificamente, o documento ressalta os extremos vividos ao longo do ano, das enchentes vividas nos primeiros meses de 2021, particularmente na região Norte do país, às secas que levaram a problemas na produção hidrelétrica e sérias perdas no setor agrícola, especialmente no sul do país.
Em coletiva de imprensa, Taalas ressaltou o fato de que o desmatamento na Amazônia tem levado partes do bioma a se transformar em emissor líquido de carbono, em consonância com estudo publicado pela revista Nature no meio do ano.
Enquanto a COP26 começava em Glasgow, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participava do encerramento da cúpula do G-20, em Roma, Itália. Em uma declaração à imprensa local, Bolsonaro disse que a Amazônia, por ser uma floresta muito úmida, “só pega fogo na periferia.”
O presidente disse ainda que o país tem seguido “tão bem” no combate ao desmatamento que “a imprensa não fala mais nada sobre isso,”
Questionado pela epbr, o secretário-geral da WMO disse que florestas tropicais são ecossistemas não renováveis, ressaltando que qualquer modificação significativa em sua composição pode mudar o clima local. “Isso tem acontecido e você vê que o desmatamento está contribuindo para isso, negativamente,” disse.
Taalas ressaltou que a WMO mede vastas áreas que anteriormente eram responsáveis por absorver carbono e que hoje emitem mais do que absorvem. “Há também um componente econômico em favor da redução do desmatamento.”