Petróleo e Gás

Alerta sobre subinvestimento e escassez de petróleo no mundo é exagerado, diz Rystad

Consultoria destaca que, embora os investimentos tenham caído, a indústria petrolífera teve ganhos de eficiência

Alerta sobre subinvestimento e escassez de petróleo no mundo é exagerado, diz Rystad. Na imagem: Navio-plataforma FPSO Carioca no campo de Sépia (Foto: Divulgação)
Navio-plataforma FPSO Carioca no campo de Sépia (Foto: Divulgação)

RIO – Os alertas sobre o subinvestimento crônico na indústria de óleo e gás e riscos de escassez de oferta a curto prazo são exagerados, porque ignoram os ganhos de eficiência do mercado na última década. Esta é a conclusão de uma pesquisa recente da Rystad Energy.

Segundo a consultoria, embora os investimentos tenham caído, a indústria petrolífera segue com indicadores saudáveis.

Ao todo, os investimentos globais em exploração e produção de petróleo e gás natural devem somar, este ano, US$ 580 bilhões – realidade distante do pico de US$ 887 bilhões de 2014.

O número de poços concluídos, por sua vez, deve cair de 88 mil em 2014 para 59 mil em 2023.

A Rystad cita, no entanto, que preços unitários mais baixos, ganhos de produtividade, além de estratégias de portfólio em evolução, aumentaram significativamente a eficiência da indústria.

Em outras palavras: a indústria pode fazer o mesmo que antes, mas com um custo muito menor, na visão da consultoria.

“Ao contrário da opinião popular, o mundo está investindo quantias apropriadas de dinheiro na produção de combustíveis fósseis para satisfazer a demanda. A economia de custos significa que as operadoras podem produzir a mesma quantidade de petróleo a um custo menor, e não prevemos uma crise de abastecimento de petróleo devido ao subinvestimento no horizonte imediato”, escreveu o chefe de pesquisa em exploração e produção da Rystad Energy, Espen Erlingsen.

Mais eficiência nos gastos e produtividade nos poços

Segundo a consultoria, como os investimentos em 2022 atingiram apenas 60% dos níveis de 2014, pode ser fácil supor que a atividade de exploração e produção caiu 40% desde 2014. Essa conclusão, porém, é precipitada, porque desconsidera a queda dos preços unitários e os ganhos de eficiência do setor.

A Rystad menciona que houve uma queda de 20% a 30% nos preços unitários no setor – resultando em mais atividades para cada dólar gasto; e que, apesar da queda de perfuração de poços, a produtividade aumentou.

Os poços concluídos em 2014, por exemplo, tinham um potencial total de produção de petróleo de cerca de 37 bilhões de barris. Já o potencial de recursos petrolíferos para todos os poços previstos para 2023 é da ordem de 35 bilhões de barris. – apenas 5,4% a menos, , embora o número de poços seja 33% menor.

“Em um mercado de petróleo em expansão com demanda crescente, os recursos recém-desenvolvidos devem superar a produção total, pois os volumes de novos poços serão produzidos em um período de 30 anos. Novos recursos excederão a produção total anualmente até pelo menos 2025, demonstrando a trajetória positiva da indústria global de petróleo e apoiando nossa conclusão de que uma escassez de oferta desencadeada por subinvestimento é improvável no curto prazo”, conclui a Rystad.