BRASÍLIA — A fabricante de aviões europeia Airbus e a mineradora australiana Fortescue Future Industries (FFI) fecharam um acordo para avaliar a redução de emissões de CO2 da aviação com o uso de hidrogênio verde.
Um dos objetivos da parceria é colocar uma aeronave à base de hidrogênio em operação até 2035.
A Fortescue e Airbus assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) na sede da Airbus em Toulouse, na França.
O memorando permitirá que ambas as empresas colaborem como uma força-tarefa para analisar “os desafios em torno das regulamentações de hidrogênio verde, infraestrutura e cadeias de suprimentos globais” — desde a produção até a entrega em aeroportos e abastecimento de aeronaves, informa a Fortescue em comunicado.
A Fortescue fornecerá perspectivas de custo e tecnologia ao longo da cadeia de suprimentos. Também construirá cenários de implantação de infraestrutura de fornecimento para aeroportos alvo.
Já a Airbus apresentará características de consumo de energia da frota, cenários para demanda de hidrogênio na aviação, especificações de reabastecimento e estrutura regulatória da aviação.
“A Airbus identificou o hidrogênio verde como a opção mais promissora de descarbonização para enfrentar nossos desafios ambientais. Estamos iniciando a revolução da aviação verde”, disse Glenn Llewellyn, vice-presidente de aeronaves de emissão zero da Airbus.
Políticas para descarbonização da aviação
Responsável por 2,5% das emissões globais de CO2, com as emissões dobrando desde a década de 1980, a aviação internacional assumiu compromisso de crescimento neutro de emissões — a partir de 2021 de forma voluntária, em 2027 obrigatória.
E 106 países já estão participando do Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (Corsia). Entre eles, Austrália e França. Veja a lista completa (.pdf).
Uma preocupação do setor é a dupla taxação.
Ano passado, a União Europeia lançou um plano para taxar as emissões dos voos entre os países do bloco como uma das estratégias para reduzir em 55% suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Logo após o lançamento do pacote Fit for 55, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, em inglês) divulgou uma nota dizendo que “o imposto não é a resposta para a sustentabilidade da aviação”.
Para o setor, a proposta representa uma forte rejeição ao Corsia.
França inaugura mandato de 1% para SAF
Na França, inclusive, começou a valer no dia 1º de janeiro deste ano o mandato de pelo menos 1% de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) no querosene que abastece as aeronaves.
Para atender à demanda, a francesa TotalEnergies está investindo em biorrefinarias pelo país.
Na última semana, a empresa de petróleo e energia anunciou o início da produção de SAF na Normandia, no norte da França, para complementar as capacidades da biorrefinaria La Mède (Bouches-du-Rhône) e da planta de Oudalle (Seine-Maritime).
A Total também tem planos de produzir SAF em sua plataforma de petróleo bruto Grandpuits, a sudeste de Paris, a partir de 2024.
Todo o biocombustível, destinado aos aeroportos franceses, será fabricado a partir de resíduos.
Política brasileira deve permitir importação
No Brasil, prevaleceu uma demanda do mercado para que a definição do mandato seja a partir da redução de emissões do setor aéreo, com a possibilidade de uso de diferentes teores de combustível sustentável em qualquer parte do território nacional.
A versão final das diretrizes para a política nacional de combustíveis sustentáveis de aviação abre possibilidade para importação para cumprir metas de descarbonização.
O documento foi aprovado pelo subcomitê ProBioQAV, grupo criado no programa Combustível do Futuro do Ministério de Minas e Energia (MME).