RECIFE — Uma cooperação entre a agência alemã GIZ e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) vai destinar R$ 12,5 milhões para a criação do primeiro Centro de Excelência em Hidrogênio Verde do Brasil, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte (RN).
O projeto também pretende desenvolver cinco hubs regionais de educação e treinamento na área do hidrogênio verde (H2V), que serão instalados nos estados do Ceará, Paraná, Bahia, São Paulo e Santa Catarina. A proposta é garantir a estrutura necessária para a produção experimental de hidrogênio verde.
“Esses hubs localizados de norte a sul demonstram a capacidade do país de investir na capacitação profissional e no treinamento de novos profissionais para essa área promissora. Só na Europa, por exemplo, associações industriais e empresariais estimam que até um milhão de empregos serão criados na cadeia de valor do H2V até 2030”, afirma o diretor do Projeto H2 Brasil, da GIZ, Markus Francke.
O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) será responsável pela coordenação do projeto. Já o Senai vai oferecer cursos profissionalizantes sobre produção, armazenamento, transporte e aplicação do hidrogênio verde.
“Hoje a demanda pelo hidrogênio verde é mais forte no exterior, sobretudo, na Europa. Ao desenvolvermos essa competência dentro do país, podemos impulsionar também a demanda interna pela tecnologia ao tornar seu preço mais competitivo”, explica Frederico Lamego, superintendente de Negócios Internacionais do Senai.
H2 Brasil
O investimento previsto de cerca de R$ 12,5 milhões até 2023 será destinado à promoção de conhecimento, treinamento de multiplicadores e desenvolvimento de laboratórios.
E faz parte do projeto H2 Brasil da GIZ, uma parceria entre os governos do Brasil e da Alemanha para apoiar a expansão do mercado de hidrogênio verde e seus derivados no país.
“A participação das energias renováveis na matriz energética brasileira vem aumentando a cada ano e a tendência é que esse número cresça ao mesmo tempo em que os custos de produção baixem. Esse cenário positivo comprova que o Brasil tem potencial para se tornar referência na produção de hidrogênio verde e um dos principais países exportadores do produto”, explica Francke.
Em outubro passado, a GIZ anunciou 34 milhões de euros para projetos de produção de hidrogênio verde, na iniciativa H2 Brasil, com previsão de aporte dos recursos ao longo de dois anos para a construção de uma planta piloto de eletrólise com capacidade de 5 MW.
Um dos pilotos será construído na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais.
A agência estima aportes de 5 milhões de euros para a construção, até o final de 2023, do Centro de Produção e Pesquisas em Hidrogênio Verde (CPPHV), em Minas Gerais, que contará inicialmente com uma capacidade de 1 MW de eletrólise, abastecida por energia solar.
Além disso, o governo alemão espera colaborar na instituição de um marco regulatório de H2V no país, dando prosseguimento ao Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), do MME.
Hidrogênio verde e eólicas offshore no RN
A gigante dinamarquesa de turbinas eólicas Vestas assinou no final de março um memorando entendimento com o governo do RN para estudar a viabilidade de implantação de um porto-indústria que inclua projetos de eólicas offshore e produção de hidrogênio verde.
O acordo é resultado de uma visita que a governadora Fátima Bezerra (PT) fez à Dinamarca, em novembro do ano passado, onde se reuniu com representantes da Vestas e da Copenhagen Offshore Partners (COP), braço de investimento do fundo de pensão dinamarquês PensionDanmark.
A COP, inclusive, já possui um projeto offshore em licenciamento na costa do Rio Grande do Norte com capacidade em torno de 2 GW, e um memorando com o estado.
O governo do RN também tem um memorando de entendimento com a Enterprize Energy — empresa de energia com sede em Singapura — para desenvolver projetos de eólicas offshore, H2V e amônia verde na costa do estado.
Com a compra de Ubarana, campo de águas rasas na Bacia Potiguar, a 3R Petroleum é uma das companhias que está avaliando investimentos em hidrogênio a partir da geração de energia offshore no Rio Grande do Norte.
Uma possibilidade é utilizar a infraestrutura existente no mar e em terra para desenvolver novos negócios no estado nas áreas de gás natural e energia.