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África do Sul deve adiar fechamento de usinas a carvão

O principal órgão de política climática do país sugeriu que o governo adie a aposentadoria de térmicas para lidar com a escassez de eletricidade.

Térmicas a carvão na África do Sul. Crédito: Divulgação
Térmicas a carvão na África do Sul. Crédito: Divulgação

JOANESBURGO — O principal órgão de política climática da África do Sul sugeriu nesta segunda-feira (15/5) que o governo adie a aposentadoria de suas antigas térmicas a carvão para lidar com a escassez de eletricidade. Segundo a pasta, a crise energética já estava colocando o país no caminho para alcançar suas metas climáticas de qualquer forma.

O Congresso Nacional Africano, partido governante da África do Sul, recomendou que a empresa estatal de energia Eskom adie a desativação de suas antigas usinas de energia a carvão para ajudar a minimizar os cortes de eletricidade rotativos.

No entanto, o país também se comprometeu com um plano – parcialmente financiado em US$ 8,5 bilhões pelos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e União Europeia – para acelerar a transição para energia solar e eólica, abandonando gradualmente o carvão.

Cyril Ramaphosa disse que o custo total poderia ser dez vezes maior do que o valor oferecido pelos doadores ocidentais para financiamento.

“A abordagem de menor custo é retirar as usinas a carvão quando elas atingirem o fim de sua vida econômica”, disse Crispian Olver, diretor executivo da Comissão Presidencial de Clima (PCC), acrescentando que esse seria o ponto em que custaria mais para mantê-las do que deixá-las ir embora.

“Mover a desativação… por alguns anos não vai afetar fundamentalmente nossas Contribuições Nacionalmente Determinadas para a redução das emissões”, acrescentou. “Estamos progredindo bem na redução de emissões, em parte devido à extensão dos cortes de energia e ao crescimento econômico anêmico”.

A África do Sul depende muito do carvão para a geração de eletricidade. Como resultado, o país emitiu 430 megatoneladas de CO2 em 2021, tornando-se o 14º maior emissor de carbono do mundo, de acordo com os dados mais recentes do Global Carbon Atlas. Isso o coloca à frente do Reino Unido, México e Austrália, que possuem economias muito maiores.

A meta nacional da África do Sul para a redução de emissões é de 398-510 MtCO2e até 2025 e 350-420 MtCO2e até 2030.

Os doadores não responderam imediatamente a pedidos de comentário sobre se isso seria aceitável nos termos do acordo de transição energética.

Uma fonte do governo sul-africano, que preferiu não ser identificada por não estar autorizada a falar, disse que autoridades sul-africanas se reuniram com diplomatas dos países doadores para discutir a possibilidade de adiamento em 28 de abril.

A Eskom tem implementado cortes de energia que duram mais de 10 horas por dia para a maioria das residências – os piores registrados – prejudicando os negócios na economia mais industrializada da África.

(Reportagem de Bhargav Acharya e Carien du Plessis; Edição de Tim Cocks e Bernadette Baum)