Energia

A eficiência energética como alavancagem competitiva para a indústria brasileira

Convocação do ONS destaca a urgência de investir em estratégias energéticas mais econômicas, sustentáveis e alinhadas a metas climáticas, escreve Aurélien Maudonnet

Aurélien Maudonnet é CEO da Helexia Brasil, do grupo Voltalia, e especialista em eficiência energética (Foto: Divulgação)
Aurélien Maudonnet é CEO da Helexia Brasil, do grupo Voltalia, e especialista em eficiência energética (Foto: Divulgação)

A recente convocação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para que as indústrias reduzam seu consumo de energia destaca a urgente necessidade de abordar a eficiência energética de maneira estratégica e planejada.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), melhorias em eficiência energética poderiam reduzir as emissões globais de carbono em até 40% até 2040. Este dado sublinha a importância de políticas robustas e investimentos contínuos em tecnologias e projetos que promovam a eficiência energética.

A demanda crescente por energia, combinada com desafios climáticos e os avanços da Inteligência Artificial (IA), exige que as indústrias adotem soluções inovadoras para otimizar cada vez mais o uso de energia.

A IEA destaca que a eficiência energética é uma das formas mais rápidas e econômicas de enfrentar a mudança climática. Além disso, ela proporciona benefícios econômicos significativos, como a redução dos custos operacionais e a melhoria da competitividade industrial.

No contexto brasileiro, a convocação do ONS reflete uma situação crítica que pode ser mitigada através de medidas de eficiência energética.

As indústrias, ao implementarem práticas de eficiência, não apenas atendem às demandas imediatas de redução de consumo, mas também se posicionam melhor para um mundo mais sustentável. A adoção de tecnologias avançadas, como sistemas de gerenciamento de energia, automação e controle, além de melhorias nos processos produtivos, são fundamentais.

O plano do governo para a Nova Industria Brasileira, chamado de neo-industrialização, ou industrialização verde, passa necessariamente por isso.

A experiência de quem vive isso na prática mostra que a integração de soluções de eficiência energética pode gerar uma economia de até 30% no consumo de energia das indústrias. Este resultado é alcançado através da análise detalhada dos processos industriais, identificação de oportunidades de melhoria e implementação de soluções personalizadas.

Além disso, a colaboração entre diferentes setores e a adoção de uma abordagem especializada são essenciais para maximizar os benefícios.

É crucial que as indústrias compreendam que a eficiência energética não é apenas uma resposta a uma crise imediata, mas uma estratégia de longo prazo para a sustentabilidade.

A IEA estima que cada dólar investido em eficiência energética gera um retorno de quatro dólares em benefícios econômicos. Portanto, investir em eficiência energética é uma decisão inteligente e, também, economicamente estratégica.

Em conclusão, a convocação do ONS deve ser vista como um alerta e uma oportunidade para as indústrias brasileiras repensarem suas práticas energéticas.

A eficiência energética é a chave para um futuro sustentável e resiliente, e cada passo nessa direção contribui significativamente para a redução das emissões de carbono, a preservação dos recursos naturais e a promoção do desenvolvimento econômico.

Este artigo expressa exclusivamente a posição do autor e não necessariamente da instituição para a qual trabalha ou está vinculado.


Aurélien Maudonnet é CEO da Helexia Brasil, do grupo Voltalia, e especialista em eficiência energética. Contribui ativamente para o debate sobre os cenários e caminhos da energia solar e transição energética no país.  Ele integra dois grupos de trabalho do B20 Brasil: “Transição Energética e Clima” e o Conselho de Ação “Mulheres, Diversidade e Inclusão nos Negócios”, além de ser copiloto do Clube Tebra (Transição Energética Brasil).

Com mais de 20 anos de experiência profissional, Maudonnet atua há mais de 13 anos no setor de energia renovável.  Com MBA em gerenciamento internacional de negócios pela TRIUM (NYU Stern Nova York, HEC Paris, LSE Londres), ocupou os cargos de CEO da Areva Renewables Brasil e CFO Latam da Voltalia.