Diálogos da Transição

Amapá busca espaço no mapa de energias renováveis

Atlas Solar do Amapá divulgado na segunda (26) aponta um potencial de 56 GW para o estado

Amapá busca espaço no mapa de energias renováveis (Foto: Maksuel Martins/Governo do Amapá)
Lançamento do Atlas Solar do Estado do Amapá (Foto: Maksuel Martins/Governo do Amapá)

NESTA EIÇÃO

Atlas Solar do Amapá divulgado na segunda (26/8) aponta um potencial de 56 gigawatts (GW) para o estado – superior à capacidade hoje instalada no Brasil (46 GW). Usando menos de 1% do território amapaense, a produção anual de energia poderia chegar a 87 GWh e seria capaz de ultrapassar em mais de duas vezes o consumo energético total registrado na região Norte.

Em um cenário de expansão da geração solar, os estudos sugerem um potencial de 426 TWh (terawatts-hora), quase o triplo da demanda de energia elétrica de São Paulo, a maior cidade do Brasil.


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O estudo conduzido pelo Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) marcou o lançamento da pedra fundamental do Instituto Margem Equatorial – um centro de tecnologia que vai desenvolver pesquisas e capacitação voltadas à transição energética e à biodiversidade da Amazônia.

Conta com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de emendas parlamentares do senador Davi Alcolumbre (União/AP) e do ex-senador Jean Paul Prates, ambos defensores da exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira.

A região corresponde a 38,6% do litoral do país e inclui Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e Pará, além do Amapá.

O Atlas Solar apresentado esta semana é a primeira entrega de uma série prevista pelo ISI-ER.

A intenção é mapear o potencial da Margem Equatorial para fornecer soluções à instabilidade energética que o Amapá enfrenta. Em postagem nas redes sociais, Prates disse que até dezembro sairá o levantamento do potencial eólico offshore do litoral da região.

O Amapá concentra 1 GW de capacidade instalada, o que equivale a 0,49% da potência no Brasil, e enfrenta gargalos em todas as esferas: produção, transmissão e distribuição de energia.

Desses 1 GW, 96,74% são de hidrelétricas e PCHs, 2,85% de termelétricas fósseis e apenas 0,41% de usinas fotovoltaicas.

O Instituto Margem Equatorial (IMEQ) deve ser inaugurado em 2025, na capital amapaense, Macapá – a tempo da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém (PA).

Outra frente de pesquisa mira a produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir do caroço do açaí.

O projeto prevê uma planta semi industrial de beneficiamento do resíduo da produção de açaí.

Em nota, o ISI-ER explica que a produção de polpa do açaí é uma das principais atividades econômicas do Amapá e que o descarte do caroço no leito dos rios tem dificultado o movimento das águas, com consequências como alagamentos.

O projeto se propõe, então, a encontrar uma destinação adequada ao produto e agregar valor à atividade.



“Nós já identificamos que o caroço é uma excelente fonte de carbono de origem biológica, com ótimas perspectivas de destinação para a área de combustíveis”, conta o diretor do ISI-ER, Rodrigo Mello.

“Dessa forma, nós buscamos agregar vários fatores importantes para a região. Primeiro, fortalecendo uma das principais atividades econômicas locais, que é a produção da polpa do açaí. Segundo, dando uma destinação adequada ao resíduo, gerando sustentabilidade para um produto que já é explorado, mas também gerando perspectiva de uma nova e moderna receita a partir de combustível avançado oriunda do caroço”, acrescenta.

A lista de investimentos no radar inclui ainda plantas-pilotos de hidrogênio e de bioprocesso para aproveitar o potencial da biomassa da Amazônia para a transformação em combustíveis, além de unidades para produção de bio óleo e biogás.


Plano Clima e biogás contra emissões. O governo defendeu, na segunda (26), o Plano Nacional de Mudança do Clima (Plano Clima) como instrumento para reduzir as emissões de metano (CH₄), um dos principais gases de efeito estufa juntamente com o dióxido de carbono (CO₂) e o óxido nitroso (N₂O). Já algumas associações empresariais pediram investimento em biogás. O debate ocorreu na Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso.

Etanol de agave na Bahia. Estão abertas as inscrições do edital RePlanta Agave, que vai selecionar uma empresa para capacitar produtores agrícolas do semiárido baiano para a produção do agave, com foco na fabricação de etanol. A iniciativa pretende abranger todos os 20 municípios que formam o Território do Sisal, localizado na Bahia.

Na etapa de capacitação, serão atendidos, ao menos, 400 agricultores, com turmas de 20 beneficiários por localidade, com a oferta de qualificação e orientação técnica para preparação do solo, semeadura, manejo, colheita, armazenagem e comercialização dos produtos agrícolas. (MDIC)

Rondônia declara emergência. O governo estadual declarou situação de emergência em razão de incêndios florestais. Decreto publicado nesta terça (27) cita “situação crítica de estiagem” que atinge a região desde o segundo semestre de 2023, por conta da redução significativa das chuvas.

Este ano, Rondônia registrou 4.197 focos de incêndios nas cidades e 690 em áreas de conservação, totalizando 4.887 focos, o dobro do anotado em 2023. Fogo destruiu 107.216 hectares de floresta. (Agência Brasil)

Nível do mar avança no Pacífico. O aumento do nível do mar no Oceano Pacífico supera a média global, colocando em risco os estados insulares de baixa altitude, aponta relatório da WMO (Organização Mundial de Meteorologia em inglês).

Temperaturas mais altas, impulsionadas pela queima contínua de combustíveis fósseis, derretem as outrora poderosas calotas de gelo, enquanto os oceanos, mais quentes, fazem com que as moléculas de água se expandam. (UOL)

Chamada para eficiência. A Energisa está com uma chamada pública aberta para projetos do Programa de Eficiência Energética (PEE), regulado pela Aneel. Em 2024, serão aportados cerca de R$ 30 milhões em iniciativas das nove distribuidoras do grupo (MG, RJ, SP, PB, PR, SE, MT, MS, TO, AC, RO. O edital ficará aberto até 25 de outubro. As regras serão apresentadas em uma live na próxima terça (3/9), às 10h.