Há um debate fundamental e atual no setor de energia, que trata da estruturação de projetos complexos em meio ao cenário presente, com desafios técnicos avançados e dinâmicas intrincadas. Tive a oportunidade de participar de uma discussão bastante reveladora a esse respeito durante o último Energy Summit, no Rio de Janeiro.
O evento destacou a necessidade crítica de inovação e de colaboração para alcançar o sucesso nesse setor, que, além de prover um serviço essencial, é um importante motor para o desenvolvimento econômico e social.
A demanda crescente por soluções energéticas sustentáveis e eficientes coloca os projetos do setor no centro das atenções, onde a integração de tecnologias avançadas e a gestão eficaz de recursos são imperativos categóricos.
É importante destacar que a transição energética não é apenas uma meta a ser alcançada, mas um princípio orientador que define nosso compromisso com um futuro energético mais limpo e mais forte.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), para que o mundo alcance as metas de descarbonização e transição energética até 2050, serão necessários investimentos adicionais de cerca de US$ 4 trilhões por ano. Esses recursos devem ser direcionados para o desenvolvimento de energias renováveis, eficiência energética e outras tecnologias de baixo carbono.
O volume de investimentos globais em infraestrutura, projetos de capital e real estate é impressionante. Até 2040, serão necessários cerca de US$ 94 trilhões em investimentos para atender às necessidades globais em ativos de infraestrutura, industriais e real estate, segundo estimativa de estudo recente do Global Infraestructure Hub, do G20.
As discussões deixaram evidente que a complexidade técnica desses projetos vai além da simples construção de infraestrutura. Engloba da implementação de novas tecnologias de geração e armazenamento até a modernização de redes de distribuição e a adaptação a regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas.
A capacidade de navegar nesse ambiente quase enigmático requer não só experiência técnica, mas uma compreensão profunda das interações entre diferentes partes interessadas e a habilidade de gerenciar expectativas divergentes. Além dos desafios técnicos, dinâmicas social e política são fundamentais no sucesso da implementação bem-sucedida dos projetos.
A interação constante com comunidades locais, autoridades governamentais e entidades reguladoras é capaz de garantir o alinhamento com os interesses públicos, reduzir impactos adversos e promover um desenvolvimento sustentável.
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Durante o debate Structuring Complex Projects in Energy Sector, que contou com a participação de Eonio Rocha, vice-presidente Sênior Corporativo da Modec Brasil, e de Raphael Albergarias, presidente da IPMA Brasil, discutimos a importância de adotar uma abordagem integrada que não apenas resolva problemas imediatos, mas que prepare o terreno para futuras inovações.
A gestão eficaz do conhecimento, na construção e na operação de infraestruturas energéticas, é uma estratégia-chave para maximizar eficiência e sustentabilidade ao longo do ciclo de vida do projeto.
As lideranças no setor enfrentam o desafio de equilibrar a inovação tecnológica com a responsabilidade ambiental e social. Cada decisão tomada hoje molda não apenas a viabilidade econômica, mas também o legado que deixamos para as gerações futuras.
Aos que de alguma maneira estão envolvidos no setor energético, os convido a adotarem uma abordagem proativa e colaborativa para enfrentarmos os desafios que estão por vir.
Temos que aproveitar as oportunidades para inovar com propósito, construir alianças estratégicas e capacitar nossas equipes para ultrapassarmos as barreiras. Nossa jornada rumo a um futuro energético sustentável e próspero requer compromisso, visão e ação coletiva. Estou confiante de que, juntos, podemos abrir caminho para um amanhã mais brilhante e energizado.
Este artigo expressa exclusivamente a posição do autor e não necessariamente da instituição para a qual trabalha ou está vinculado.
Eduardo Raffaini é líder de Infrastructure & Capital Projects e dos setores de Energy & Chemicals e Industrial Products & Construction da Deloitte.