BRASÍLIA – A CPFL Energia implantará, em parceria com a Mizu Cimentos, do grupo Polimix, uma planta de hidrogênio verde em Baraúna, Rio Grande do Norte. Serão R$ 40 milhões em investimentos e a expectativa é que o empreendimento comece a operar em 2027.
É um projeto piloto, financiado por meio do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Além de contemplar planos futuros de novos investimentos para operar em maior escala, trata-se, de fato, de uma comercialização do hidrogênio verde, que vai substituir parte da queima de coque de petróleo.
“É primeiro conhecer a tecnologia, para ganharmos mais produtividade, mais eficiência e, como consequência, abaixar os custos. Ao mesmo tempo, a gente começa a estudar os usos dessa tecnologia. Tem várias possibilidades de uso. Nosso desafio é encontrar aquele que será viável primeiro”, afirmou o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella, nesta quinta (22/8).
Após a conclusão, daqui a três anos, haverá um período de seis meses para o monitoramento do impacto do hidrogênio na redução de emissões de CO2, que pode chegar a 12,5 toneladas por ano.
O hidrogênio verde é obtido por meio de fontes de energia 100% renovável, como solar e eólica. É uma das rotas de produção com baixa intensidade de carbono.
Marco do Hidrogênio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou esse mês o marco legal do hidrogênio de baixo carbono.
Um segundo texto está em tramitação no Senado Federal para criação de um programa de concessão de créditos fiscais de R$ 18,3 bilhões, que precisou ser vetado por problemas na redação do primeiro projeto.
“Se voltarmos 10 ou 20 anos atrás, o que vimos com eólica e solar estamos vendo com hidrogênio verde. É uma evolução da tecnologia que começa com esse tipo de incentivo, a parceria do privado com o público para que a gente possa se desenvolver”, comentou Gustavo Estrella.
Durante evento no Rio, na semana passada, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) destacou ainda a importância da aprovação do marco legal para estimular a aprovação das legislações estaduais sobre o segmento.
“Nós estamos avançando agora em algo fundamental, que é superar essa lacuna da ausência do marco regulatório. O projeto de lei tem essa finalidade, trazendo segurança jurídica e previsibilidade”, afirmou.
O estado desenvolve o Porto-Indústria Verde, que foi incluído no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e está em fase de licenciamento ambiental.
Com uma área estimada em mais de 13 mil hectares na costa potiguar e investimento estimado em R$ 50 bilhões, o porto será voltado principalmente para o desenvolvimento da indústria offshore, com foco na combinação da geração eólica offshore com a produção de hidrogênio verde.
O Consórcio Nordeste, presidido por Fátima Bezerra, defende contudo que critério de adicionalidade seja rediscutido, isto é, assegurar benefícios adicionais para instalação de nova capacidade de geração de energia renovável. A ideia não avançou, até o momento, nos textos discutidos no Congresso Nacional.