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Petrobras avalia fornecimento de hidrogênio para siderúrgicas, afirma Tolmasquim

Segundo o diretor, empresa estuda a produção de hidrogênio verde e azul, e acredita que os incentivos fiscais podem tornar o preço do energético mais competitivo

Maurício Tolmasquim, diretor de Transição Energética da Petrobras, durante audiência sobre o hidrogênio na Câmara, em 13/8/2024 (Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados)
Maurício Tolmasquim, diretor de Transição Energética da Petrobras, participa de audiência sobre o hidrogênio na Câmara, em 13 de agosto de 2024 (Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados)

BERLIM – A Petrobras mantém conversas com grandes siderúrgicas para explorar o uso do hidrogênio de baixo carbono como forma de descarbonizar as operações dessas indústrias na produção de aço, conforme destacou o diretor de Transição Energética da companhia, Mauricio Tolmasquim.

“Estamos conversando com alguns potenciais clientes, sobretudo indústrias siderúrgicas”, disse durante seminário realizado na Câmara dos Deputados, na terça-feira (13/8).

“De repente começar com gás e passar para o hidrogênio. Temos conversado e as conversas estão indo muito bem”, revelou Tolmasquim.

Ele mencionou que a Petrobras já assinou memorandos de entendimento com parceiros como Mitsui, ArcelorMittal, Vale, Energy China, Casa dos Ventos e European Energy, para projetos de hidrogênio em diferentes estágios de desenvolvimento.

Incentivos fiscais podem destravar mercado

Um dos desafios para destravar os projetos, segundo o diretor da Petrobras, é a diferença de preço entre o hidrogênio de baixo carbono e as expectativas dos consumidores.

Nesse contexto, Tolmasquim destacou a importância da nova lei de incentivos para a produção de hidrogênio, que pode ajudar a reduzir essa lacuna de preços, tornando o hidrogênio competitivo e acessível para os consumidores.

“O grande mérito dessa lei é que ela ajuda a diminuir esse hiato entre o consumidor e o produtor. Ajuda a ficarmos mais próximos nessa negociação do nosso cliente, porque a gente hoje tem uma diferença ali de preço”, afirmou.

Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 3.027/2024, que concede créditos fiscais no montante de R$ 18,3 bilhões, a serem distribuídos entre 2028 e 2032 para projetos de produção de hidrogênio. O texto agora segue para apreciação no Senado.

Projetos de hidrogênio da Petrobras

A Petrobras está investindo em projetos próprios, incluindo uma usina piloto no Rio Grande do Norte, com capacidade de 2 megawatts, para estudar o processo de produção de hidrogênio.

A empresa também está desenvolvendo um projeto para produzir hidrogênio azul, que envolve a captura de CO2 durante a produção de hidrogênio a partir da reforma do gás natural.

A ideia é criar hubs de captura de CO2 perto da costa, utilizando formações geológicas salinas, para capturar CO2 não apenas da Petrobras, mas também de clientes.

Tolmasquim também destacou a possibilidade de utilizar instalações da companhia no Rio de Janeiro, como a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na produção de hidrogênio azul.

“Com isso, a gente pode capturar CO2, não apenas da Petrobras, mas vender serviço a clientes. Mas o mais importante, no Rio de Janeiro, temos a Reduc, tem UPGN, então temos condição de capturar o CO2 produzido na produção do hidrogênio e, com isso termos o hidrogênio de baixo carbono”, explicou o diretor.

Demanda nas próximas décadas

Tolmasquim ressaltou que 70% do custo do hidrogênio verde – produzido a partir da eletrólise – está relacionado à energia, e o Brasil é um dos países mais bem posicionados para oferecer energia renovável de baixo custo, podendo inclusive ser o país com o menor custo de produção de hidrogênio verde, e potencialmente mais barato do que o hidrogênio cinza.

Segundo ele, as projeções da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) indicam uma demanda mundial significativa para o hidrogênio nas próximas décadas.

De acordo com a IEA, se os países cumprirem seus compromissos do Acordo de Paris, a demanda global por hidrogênio de baixo carbono pode atingir 25 milhões de toneladas até 2030, um volume cerca de 100 vezes maior do que a produção atual da Petrobras, que é majoritariamente de hidrogênio cinza.