RIO – O futuro da exploração e produção de petróleo na Venezuela vai depender da situação política e da capacidade de atração de investimentos para uma eventual recuperação desta indústria, acredita o vice-presidente sênior da S&P Global Commodity Insights, Carlos Pascual.
O país vive uma indefinição política depois das eleições presidenciais de 28 de julho. O atual presidente, Nicolás Maduro, e o candidato da oposição, Edmundo González, se proclamaram vencedores.
Na visão de Pascual, que foi diretor de Recursos Energéticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, além de ter atuado como embaixador dos EUA no México e na Ucrânia, o retorno dos investimentos à Venezuela vai depender da confiança no futuro da política local, dado que os projetos nesse setor levam décadas para dar retorno.
“Nada vai mudar, a menos que haja uma mudança no sistema político. Fundamentalmente, [a recuperação da indústria] vai demandar bilhões de dólares em investimentos privados. E o único jeito de atrair esse capital é dar à comunidade internacional e aos investidores a confiança de que os seus investimentos vão se pagar e que o sistema político vai responder aos anseios do povo venezuelano e que isso será longevo”, disse.
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Pascual está no Brasil esta semana para debates sobre o mercado de energia no Rio e em São Paulo. No caso venezuelano, o consultor avalia que o país parece estar indo na direção oposta ao que seria necessário para atrair esses investimentos.
“Inevitavelmente, será muito difícil ter confiança no regime Maduro, a menos que haja alguma ação tomada para avançar na transparência”, acrescentou.
A Venezuela conta com as maiores reservas de petróleo do mundo, com mais de 300 bilhões de barris em reservas provadas. A produção chegou a ultrapassar a marca de 3 milhões de barris/dia na década de 1990, mas caiu para cerca de 600 mil barris/dia em 2022.
A queda reflete a crise que o país vive desde 2013, com a morte do ex-presidente Hugo Chávez e a chegada ao poder do regime autoritário de Nicolás Maduro, que levou o país a sofrer sanções dos Estados Unidos.
No ano passado, houve um relaxamento das sanções, com a promessa de realização de eleições livres.
O consultor da S&P afirma que os investimentos feitos pelas grandes petroleiras no país nesse período de menores restrições não atingiram níveis significativos e visaram sobretudo ajudar a recuperar créditos e minimizar prejuízos de projetos antigos.