Diálogos da Transição

Crise climática movimenta G20 e leva Acre a decretar emergência

Estiagem levou sete dos 22 municípios acreanos a decretarem emergência. A capital, Rio Branco, foi a primeira

Crise climática estimula o debate no G20 e leva Acre a decretar estado de emergência. Na imagem: Reunião do G20 sobre perspectivas econômicas globais e desafios (Foto: Diogo Zacarias/MF)
Reunião do G20 sobre perspectivas econômicas globais e desafios (Foto: Diogo Zacarias/MF)

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Editada por Nayara Machado
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Enquanto o Rio Grande do Sul se recupera das tempestades que destruíram parte do estado e o Pantanal tenta apagar os incêndios causados pela grave seca enfrentada pela região, no Norte do Brasil, municípios do Acre estão decretando estado de emergência em razão da estiagem.

De acordo com a Agência Brasil, o Rio Acre atingiu a cota de 1,54 metro na quarta (24), ficando o rio próximo de atingir a pior cota da história: 1,25 metro em setembro de 2022.

O cenário de estiagem levou sete dos 22 municípios acreanos a decretarem emergência. A capital, Rio Branco, foi a primeira, em 28 de junho. Nesta quarta, o governo estadual decretou situação de emergência ambiental em todos os municípios. A medida vale até o fim do ano.

A falta de chuvas e o baixo nível do rio tem prejudicado o abastecimento de água potável e o tráfego de ribeirinhos.

Em outras áreas, como Cruzeiro do Sul, as condições climáticas adversas, como ondas de calor, baixa umidade relativa do ar e intensos ventos estão ajudando a espalhar os incêndios florestais – elevando a concentração de monóxido de carbono e partículas na atmosfera, levando riscos à saúde da população.

E o G20 com isso?

Esta semana, líderes das 20 maiores economias globais estão no Brasil discutindo a reforma do sistema financeiro para enfrentar as mudanças climáticas.

Como presidente rotativo do bloco até o final deste ano, o Brasil tem defendido um alinhamento entre essas grandes economias para viabilizar os recursos necessários à transição energética e adaptação de países de renda média e baixa – onde estão os mais vulneráveis.

“Esta reunião é a última oportunidade em 2024 para os Ministros das Finanças do G20 discutirem um acordo substancial sobre o formato das principais reformas necessárias para restaurar a confiança e mostrar uma forte ação coletiva na agenda de financiamento para o clima. Isso, por sua vez, moldará o contexto para as próximas negociações críticas de financiamento climático na COP29”, analisa o think tank E3G.

Estimativas do Fórum Econômico Mundial apontam que desastres naturais intensificados pelo clima podem resultar em 14,5 milhões de mortes e prejuízos de US$ 12,5 trilhões até 2050.

Liderança pelo exemplo

Para a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), o G20 tem obrigação de de liderar pelo exemplo o enfrentamento da crise climática que já causa prejuízos bilionários em diversos países.

Isso porque o bloco é quem detém 80% dos recursos financeiros existentes no planeta além de ser responsável por cerca de 80% do volume de gases de efeito estufa lançados na atmosfera.

“Nós já temos boa parte das respostas técnicas para o enfrentamento da mudança do clima, nós já temos a quantidade de recursos financeiros. Eu acho que já passou o tempo de ficarmos cobrando uns dos outros, quem está fazendo mais e quem está fazendo menos. Esse é o momento de ouvir o que a ciência e o bom senso estão cobrando de cada um de nós”, discursou Marina na abertura de um evento da trilha de finanças do G20.

No final de 2023, na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), 200 países chegaram a um acordo, pela primeira vez, para uma transição para longe de combustíveis fósseis.

Na ocasião, também foi assumido um compromisso de operacionalizar um fundo de compensação de perdas e danos destinado a países vulneráveis às mudanças climáticas, além de cumprir a promessa de destinar US$ 100 bilhões para a transição de baixo carbono em países de renda baixa e média.

“Infelizmente, o mundo continua gastando cerca de US$ 4 a 6 trilhões naquilo que vai na contramão dos resultados que queremos alcançar e ainda não fomos capazes de alocar os US$ 100 bilhões para fazer a transformação. Nós vamos mitigar, nós vamos nos adaptar, mas vamos ter que transformar nossos modelos de desenvolvimento”, criticou a ministra.

Cada dia mais quente

As discussões vão se arrastando e a temperatura do planeta, aumentando. Nesta quinta (25/7), cientistas do Copernicus Climate Change Service (C3S) alertaram que novos recordes devem ser quebrados nos próximos meses e anos.

Julho, por exemplo, já teve dois dias consecutivos de recordes na temperatura média.

Na segunda, 22 de julho de 2024, a temperatura média global diária atingiu recorde de 17,16°C, considerando os países que estão no inverno. A média superou os recordes anteriores de 17,09°C, na véspera, 21 de julho, e de 17,08°C, registrado há pouco mais de um ano, no dia 6 de julho de 2023.

Na última terça (23), a temperatura média estava em 17,15°C.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Distribuição de renda

Os altos lucros gerados pela exploração de recursos naturais devem beneficiar a sociedade como um todo e cada país vai encontrar um modelo para isso, defende o ministro das Finanças da Noruega, Trygve Slagsvold Vedum. “Como podemos pegar esse lucro e dá-lo a muitas pessoas, em vez de poucas? Podemos ter boas discussões com o Brasil sobre isso”, disse a jornalistas em visita ao Rio de Janeiro na quarta-feira (24/7). Leia na epbr

Táxis a hidrogênio nas Olimpíadas de Paris

A iniciativa, promovida em parceria com a produtora de gases e patrocinadora dos jogos Air Liquide, visa reduzir a pegada de carbono durante o evento esportivo com o uso de hidrogênio de origem renovável. Contudo, um grupo de cientistas questiona a eficácia dessa medida em termos de emissões de CO2. Entenda

Bunker com biodiesel na Petrobras

A petroleira anunciou, nesta quinta (25/7), a venda das primeiras cargas de combustível marítimo com mistura de 24% de biodiesel. O bunker foi batizado de VLS Very Low Sulfur) B24. Disponível sob demanda, o combustível mistura bunker de origem mineral com biodiesel produzido a partir de resíduos agroindustriais.

Vans elétricas na Azul

A companhia aérea anunciou nesta quinta (25/7) que passará a adotar veículos elétricos no transporte de passageiros dentro dos aeroportos brasileiros. A iniciativa começou por Campinas (SP). A partir de agora, os clientes que desembarcam no Aeroporto Internacional de Viracopos contarão com o apoio de nove vans elétricas como transporte – em substituição aos veículos a diesel usados atualmente para este trabalho em solo.

Caminhões a GNL

A diretoria da ANP aprovou nesta quinta (25/7) um projeto experimental da Virtu GNL, para instalação de ponto de abastecimento de caminhões com gás natural liquefeito (GNL). A ideia é que o piloto, que terá seis meses de duração, sirva de base para regulamentação futura da atividade.