BRASÍLIA e ARACAJU – A Transportadora Associada de Gás (TAG) inaugurou, nesta terça (23/7), o gasoduto que conecta o terminal de regaseificação da Eneva, em Barra dos Coqueiros (SE), à malha de transporte de gás natural. Ao todo, foram investidos R$ 340 milhões no empreendimento.
O gasoduto de 25 km de extensão tem capacidade para transportar 14 milhões de m³/dia de gás natural e é um marco para a abertura do mercado de gás, porque permitirá à Eneva comercializar o gás importado para outros clientes.
A companhia lançou uma mesa de comercialização e aposta, sobretudo, na oferta de produtos flexíveis – e em especial para termelétricas.
O próximo passo será interligar a futura produção do projeto Sergipe Águas Profundas, da Petrobras, à malha da TAG.
“Esse ainda é um desafio que a própria Petrobras tem capitaneado, para que a gente possa ter um gás a um preço acessível. Ainda não temos o gás no preço ideal“, afirmou o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), durante a cerimônia de inauguração do gasoduto de conexão de Barra dos Coqueiros, que acontece na semana da Sergipe Oil & Gas 2024.
Mitidieri disse que um dos desafios no estado será interiorizar o acesso ao gás. E citou também os gargalos relacionados à produção de fertilizantes na fafen operada pela Unigel em Sergipe.
Reunião com Magda Chambriard
Fábio Mitidieri se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na quinta passada (18/7), na sede da companhia, no Rio de Janeiro, para tratar, dentre outros pontos, do projeto Sergipe Águas Profundas – além da produção em águas rasas.
O desenvolvimento de Seap prevê investimentos de US$ 5 bilhões. O projeto inclui também a construção de um gasoduto de escoamento de 128 km de extensão e capacidade para 18 milhões de m³/dia.
E a contratação de duas FPSOs, cada uma com capacidade de produção de 120 mil barris/dia.
A Petrobras enfrenta dificuldades para contratar as plataformas de produção para o projeto de Seap. As primeiras licitações para o afretamento fracassaram e tiveram que ser reformuladas. Está em análise na empresa, inclusive, a possibilidade de optar pela construção de unidades próprias, no lugar do afretamento.
Dentre os demais assuntos tratados, estavam a retomada das operações da Fafen-SE e a inclusão de Sergipe no Programa Autonomia e Renda Petrobras – que oferece cursos e bolsas para capacitação em nível técnico e profissionalizante a moradores de localidades próximas das operações da estatal.
Mais competição
O diretor-presidente da TAG, Gustavo Labanca, destacou que o gás importado pela Eneva será disponibilizado para toda a malha do sistema nacional.
“Sergipe passa a ser um polo de comercialização de gás para todo o Brasil”, disse.
O executivo acredita que a conexão do terminal de Barra dos Coqueiros trará competição ao mercado e tende a reduzir o preço da molécula.
Além disso, permitirá que a própria termelétrica da Eneva possa comprar gás de outros fornecedores na malha integrada.
“É uma rede de ponto a ponto. Ela funciona de maneira bidirecional. O GNL pode ser ofertado ao Brasil pela malha da TAG e a térmica também pode comprar através da malha”.
“O que a gente espera, com o anúncio da Petrobras em Sergipe Águas Profundas, é ter um novo hub no estado para que a gente possa conectar também na malha de transporte e oferecer esse gás para todo o Brasil”, disse Labanca.
Gasoduto é fruto de uma nova modalidade de contrato
A construção do gasoduto foi acordada entre TAG e Eneva por meio de um contrato de conexão para acesso.
Nessa modalidade, nova no mercado, um agente do setor (seja um fornecedor de gás ou distribuidora/consumidor) pode solicitar, de maneira célere, uma conexão de interesse específico por meio de acordo bilateral com o transportador. Nesse caso, recai sobre esse agente específico a remuneração do investimento.
O projeto foi enquadrado como prioritário e pôde emitir debêntures incentivadas para o financiamento da infraestrutura.
E contou, ainda, com incentivo fiscal do estado, aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial de Sergipe (CDI), para aquisição dos tubos fabricados.
De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), o benefício, enquadrado no Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI), reduziu os custos na aquisição do material e, consequentemente, o valor do investimento para a obra.
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