BRASÍLIA – O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), criticou nesta quarta-feira (10/7) os lobbies setoriais, que evitariam, segundo ele, a correção de distorções no setor elétrico.
Por mais que considere os interesses republicanos, o ministro apelou para uma visão “mais generosa” no setor.
Silveira mencionou os “desmandos dos últimos quatro anos”, em uma referência ao governo de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Silveira, é legítimo que os setores busquem políticos de interesse. Ele citou exemplos como o Ceará na defesa das usinas eólicas e o Rio de Janeiro, a favor da energia nuclear.
Mas em razão dos desequilíbrios, o setor corre o risco de “colapsar”.
“Se os lobbies continuarem prevalecendo e não tiver uma compreensão mais generosa da visão do todo, nós vamos, de alguma forma, colapsar o setor elétrico brasileiro”, afirmou.
A reforma prometida pela gestão de Lula desde o ano passado, ainda não saiu. Em abril, o presidente da República reuniu especialistas para debater medidas que corrigissem a rota no setor elétrico.
À época, o pano de fundo era a MP 1212, que foi criticada por entidades do setor. Silveira disse que resolver os problemas continua como uma meta. A medida atendeu a um pedido do Consórcio do Nordeste feito ao presidente Lula para extensão de subsídios para energias renováveis.
“Hoje o rico paga menos e o pobre paga mais, mesmo com a garantia da tarifa social, depois da colcha de retalho legislativa que virou o setor elétrico nacional, permitindo que as pessoas que estivessem em condição de colocar uma placa em casa saíssem do mercado regulado”, criticou.
O ministro ressaltou não ser contra a abertura do mercado, mas tem ressalvas. “Houve uma parte que eu nunca concordei que é a parte de [consumidor do mercado livre] pagar menos da CDE do que o mercado regulado. Nunca vi lógica nisso”, opinou.