RIO – A Élis Energia planeja triplicar a potência dos projetos que opera no Brasil e chegar a 300 megawatts (MW) de capacidade instalada em usinas fotovoltaicas voltadas para a geração distribuída compartilhada até o final de 2025.
Na geração distribuída, o consumidor pode gerar a própria energia que consome. No modelo de negócios da Élis, a energia gerada nas usinas gera créditos que são compensados na fatura de luz dos assinantes.
A negociação com os clientes finais é feita por parceiros, como a Evolua e a FIT Energia. A opção é vantajosa sobretudo para consumidores que buscam a fonte solar fotovoltaica, mas não podem instalar painéis solares.
Fundada em 2023 pelo Fundo IV de Infraestrutura da gestora Pátria Investimentos, a Élis tem cerca de 100 MW de potência instalada em usinas prontas, que estão sendo conectadas ou aguardando conexão.
A companhia inaugurou nesta segunda-feira (24/6) em Pontal do Araguaia (MT) uma usina fotovoltaica com capacidade de 6,6 MW no pico, o suficiente para abastecer 5.600 residências. Ao todo, a previsão é investir R$ 250 milhões apenas no Mato Grosso para a construção de 11 usinas no estado.
A empresa também também tem projetos no Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e no Distrito Federal, além de ter intenção de entrar no Piauí.
Energia por assinatura na mira do TCU
O CEO da Élis, Pierre-Yves Mourgue, conta que um dos desafios é a conexão dos projetos à rede elétrica, por estarem localizados muitas vezes em regiões distantes.
“É usina por usina. Eventualmente, em um lugar onde a conexão é muito simples, vai chegar até antes do final da construção da usina. Há outras que necessitam, por exemplo, uma travessia de estrada e a concessionária tem que obter esse direito, ou pode ser necessário ter trabalhos mais ou menos intensos na subestação, com o fornecimento de materiais que podem atrasar”, exemplifica.
Recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) apurou desvios de finalidade no uso dos créditos da energia solar por assinatura.
O modelo da geração distribuída compartilhada está previsto em lei, mas permite apenas a comercialização de créditos ao consumidor final, não a venda direta da energia ao cliente.
O assunto também está no radar da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Mourgue acredita que os questionamentos surgiram por desentendimentos a respeito da comunicação de alguns projetos.
“Todo mundo está obedecendo estritamente ao que foi definido, ou seja, compensação de créditos de energia, não uma venda de energia”, diz.
Ao todo, o Brasil tem 29,2 gigawatts (GW) de potência instalada em geração distribuída da fonte solar, segundo a Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar).
Para o executivo, o modelo da geração compartilhada é uma primeira experiência que ajuda a antecipar como o mercado de energia no Brasil será depois da abertura a todos os consumidores do ambiente de contratação livre, no qual os clientes podem escolher de quem compram a energia.
O Ministério de Minas e Energia (MME) prevê essa liberalização total do mercado para 2030.
Na visão de Mourgue, a geração distribuída e o mercado livre vão conviver como alternativas para os consumidores no futuro.
O Pátria tem indicado intenção de ampliar a atuação em projetos ligados à transição energética e setores que impactam o desenvolvimento econômico e social no Brasil, como saneamento e mobilidade.
O grupo lançou em fevereiro deste ano em parceria com o BNDES um fundo para projetos de pequeno e médio porte nessa área, com a expectativa de captar R$ 5 bilhões.