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Preços de sondas de petróleo se equilibrou e não ameaça investimentos das petroleiras, diz CEO da Foresea

“Estamos vendo um mercado muito competitivo. O mercado de perfuração é globalizado, não tem barreiras de entrada”, afirma Rogério Ibrahim

Preços de sondas FPSO de petróleo e gás se estabilizou e não ameaça investimentos das petroleiras, diz Rogério Ibrahim, presidente da Foresea (Foto: Divulgação
Rogério Ibrahim é presidente da Foresea (Foto: Divulgação

RIO – O mercado global de sondas de perfuração para a indústria de exploração e produção de petróleo e gás está em um momento de “equilíbrio razoável” entre a oferta de unidades e a demanda das petroleiras, avalia o presidente da Foresea, Rogério Ibrahim.

Com isso, o nível das tarifas tem sido capaz de remunerar os prestadores de serviços sem inviabilizar os investimentos das empresas de petróleo.

Entretanto, um dos efeitos desse cenário é que a construção de novas sondas foi quase interrompida no mercado internacional. O movimento também é visto por analistas como um dos impactos de longo prazo da transição energética.

Por isso, a Foresea avalia expandir a frota, mas com a aquisição de ativos existentes, diz Ibrahim.

A companhia tem hoje cinco unidades próprias (ODN I, ODN II, Norbe VI, Norbe VIII e Norbe IX), todas contratadas pela Petrobras, e opera a sonda Hunter Queen, da Prio.

Ao todo, a carteira de contratos soma US$ 1,6 bilhão, com duração média de dois anos. A empresa está participando de concorrências para contratar a Norbe IX a partir do próximo ano, quando acaba o acordo vigente.

Segundo o executivo, todas as grandes empresas de sondas globais hoje atuam no Brasil, por isso, a competição no mercado nacional pelo menor preço é acirrada.

“Estamos vendo um mercado muito competitivo. O mercado de perfuração é globalizado, não tem barreiras de entrada”, afirma.

Redução de emissões na perfuração de poços de petróleo

A Foresea nasceu em 2023, a partir da reestruturação financeira da Ocyan, que por sua vez era a antiga Odebrecht Óleo e Gás. A Ocyan optou por separar os ativos em uma nova empresa e entrou em um processo de recuperação extrajudicial da dívida.

Ibrahim afirma que o plano de crescimento da companhia de agora em diante visa agregar valor e que o foco não está em aumentar a fatia de mercado.

“Eu não vou fazer nenhuma aquisição, quer seja de empresa ou de ativo, só para ter mais uma sonda”, diz.

De olho no longo prazo da indústria, considerando a transição energética, a companhia conduz projetos de automação e digitalização dos processos de perfuração, com o objetivo de reduzir as emissões da operação.

Um exemplo foi a adoção da tecnologia de BOP adotado na sonda Norbe VI, o que permite operar em lâminas d’água rasas sem precisar ancorar a unidade inteira e gerar menos impactos ambientais.

BOP (blowout preventer) é um equipamento de segurança obrigatório, instalado nas sondas, para interromper o fluxo de óleo e gás dos poços em caso de incidentes.

“A gente está fazendo uma contribuição para que essa transição aconteça. Como toda transição, ela não é uniforme, tem coisas que acontecem antes, outras acontecem depois”, diz.

Sonda na Margem Equatorial à espera de licença

É da Foresea a sonda escolhida pela Petrobras para perfurar os poços da campanha inicial em águas profundas na Margem Equatorial. A unidade ODN II foi deslocada para a região no primeiro semestre de 2023, à espera da liberação da licença ambiental para a estatal iniciar a perfuração na Bacia da Foz do Amazonas.

Em maio do ano passado, o Ibama negou a licença para a atividade. Na ocasião, o órgão ambiental alegou a necessidade de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS).

A Petrobras recorreu da decisão e aguarda a análise do pedido de reconsideração feito ao órgão ambiental.

Com isso, a sonda foi deslocada para a Bacia Potiguar, onde concluiu no começo deste ano a perfuração de dois poços em águas profundas, cujos resultados estão passando por avaliações complementares.

Depois disso, a unidade retornou ao Sudeste, dado que a Petrobras ainda não tem mais licenças para seguir com perfurações em águas profundas na região Norte. A sonda deve levar de uma semana a 15 dias para chegar à locação na Bacia da Foz do Amazonas, se a perfuração receber o aval do Ibama.

O tema tem dividido o governo, pois parte da base de apoio a Lula defende a interrupção da abertura de novas fronteiras exploratórias no país. Nesta quarta-feira (12/6), Lula voltou a se posicionar a favor da exploração no Amapá.

Ibrahim afirma que a Foresea está preparada para a logística de iniciar a perfuração na Bacia da Foz do Amazonas e destaca que a sonda escolhida está equipada com um BOP de excelente qualidade e equipamentos de equilíbrio de pressões, além de ter uma equipe experiente e que tem operado a unidade com bom desempenho operacional e de segurança.

“Esse ativo tem um histórico de performance muito bom”, diz.