RIO – A Petrobras iniciou pesquisas sobre a possibilidade de uso de pequenos reatores nucleares (SMRs, na sigla em inglês) como fonte de eletricidade de baixo carbono para as atividades de produção de petróleo e gás. A companhia tem ampliado esforços nos últimos anos para reduzir as emissões nas operações, de modo a ganhar competitividade em meio à transição energética com a extração de um petróleo com menos emissões associadas.
Os estudos da Petrobras com a fonte nuclear estão em fase inicial de prospecção, no centro de pesquisas da estatal, o Cenpes. No momento, o trabalho está na fase de levantamento de potenciais rotas tecnológicas e os desafios associados, assim como as potenciais aplicações nas operações.
Segundo a empresa, o tema do uso da energia nuclear como fonte limpa surgiu “naturalmente” em meio às discussões sobre tecnologias de geração de energias renováveis e neutras em emissões.
As SMRs são usinas nucleares com capacidade de 5 a 20 megawatts (MW). Modulares, elas são menores do que as grandes plantas tradicionais e também consideradas mais seguras.
Hoje, projetos desse tipo estão concentrados sobretudo na China e na Rússia e ainda não existem iniciativas em implantação no Brasil. O custo é um dos principais desafios para o uso da tecnologia.
“Uma das principais vantagens da tecnologia SMR é oferecer uma energia com baixíssima emissão de gás carbono associada e que não esteja sujeita à intermitência na geração, quando comparada a fontes renováveis. Os resultados da pesquisa inicial com SMR vão indicar os potenciais desdobramentos para utilização dessa tecnologia pela Petrobras”, explicou a estatal em nota à agência epbr.
Plano de descarbonização
Os estudos para uso da geração nuclear estão inseridos no portfólio de pesquisa e desenvolvimento em baixo carbono da Petrobras, que tem orçamento previsto em US$ 700 milhões de 2024 a 2028, segundo o atual plano de negócios da companhia.
A Petrobras tem a meta de manter a intensidade das emissões de gases de efeito estufa na exploração e produção em 15 quilos de carbono equivalente por barril de óleo equivalente produzido até 2030. A ambição é zerar as emissões nas atividades operacionais até 2050.
A eletrificação das atividades é uma das medidas adotadas pela petroleira para descarbonizar as operações. Um exemplo foi o desenvolvimento do conceito de plataformas elétricas – all electric. Nessas unidades, o acionamento dos equipamentos da plataforma vai passar a ser feito por meio de motores elétricos, no lugar de turbinas a gás ou diesel.
Ao todo, a empresa planeja investir US$ 2,9 bilhões em esforços para mitigar emissões na exploração e produção, refino, gás natural e energia entre 2024 e 2028.
Alternativa aos fósseis
A energia nuclear está no radar da estatal desde pelo menos 2021. Na época, o então gerente-executivo de estratégia da companhia, Rafael Chaves, afirmou que a expansão da petroleira em fontes não fósseis passava pela avaliação de projetos desse tipo, assim como hidrogênio, eólica e solar.
Nos últimos anos, a energia nuclear passou a ser vista como uma alternativa para deslocar o uso de fontes fósseis no mundo, dado que não tem emissão de carbono e não depende de condições climáticas para a geração. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), no final de 2023, mais de 20 países assinaram uma declaração conjunta para triplicar a capacidade de geração nuclear até 2050.
No Brasil, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem defendido o avanço da nuclear na matriz energética brasileira, com base no argumento de que o país tem a sexta maior reserva de urânio do mundo e domina a tecnologia de enriquecimento do combustível.
Atualização: as SMRs são usinas nucleares com capacidade de 5 a 20 megawatts (MW) e não gigawatts (GW), como informado na versão anterior.