RIO – Após o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmar, na quarta-feira (10/4), que a usina nuclear de Angra 3 custará R$ 43 bilhões a mais do que as alternativas, a Eletronuclear rebateu nesta quinta (11/4) dizendo que o número é de um estudo preliminar e não pode ser considerado oficialmente.
Ao avaliar o processo que trata das obras da usina nuclear, o ministro Jorge Oliveira afirmou que a conclusão do empreendimento vai custar muito mais para o consumidor do que o abandono do projeto.
“O que se pode afirmar, sem sombra de dúvida, a partir dos estudos promovidos pelo TCU em trabalhos de auditorias absolutamente técnicos, operacionalizados com base em metodologias padronizadas e alinhados com as melhores práticas internacionais, é que, independentemente de potenciais externalidades positivas do empreendimento para a política nuclear nacional, os encargos aos consumidores serão muito mais altos em caso de continuidade da construção de Angra 3 do que de abandono do projeto”, afirmou o ministro-relator em seu voto.
O tribunal citou que se Angra 3 for concluída e começar a funcionar, custará, em média, cerca de R$ 43 bilhões a mais do que outras opções de energia, em valor presente líquido, descontado a uma taxa de 8% ao ano. Esse valor teria um impacto de 2,9% nas tarifas de energia elétrica.
A Eletronuclear rebateu afirmando que a informação consta de “um relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que se baseou em uma apresentação preliminar do BNDES para o Ministério de Minas e Energia no passado”.
“Conforme a Lei n. 14.120/2021, o preço da energia elétrica para Angra 3 será o resultante do estudo contratado junto ao BNDES. Este estudo que não está concluído ainda pelo BNDES, após a sua conclusão será validado pela EPE e posteriormente submetido à aprovação pelo CNPE. Somente após a conclusão dos estudos independentes, realizados pelo BNDES, é que a EPE poderá exercer seu ofício e dimensionar os impactos do empreendimento de Angra 3 no sistema elétrico nacional”, afirmou a empresa em nota.
Com capacidade projetada de 1,4 GW, Angra 3 começou a ser construída na década de 1980. As obras foram paralisadas em 1984 e, após breve retomada em 2009, foram novamente paralisadas em 2015.
Até hoje, já foram investidos R$ 7,8 bilhões na construção da usina. O custo estimado para abandonar as obras é de R$ 13,6 bilhões.