Enquanto EUA, China e os países europeus buscam proteger suas indústrias para, dentre outros objetivos, garantir que a transição energética seja o vetor para a reindustrialização de seus parques, o Brasil segue na contramão.
Aqui, onera-se cada vez mais a produção, com base num discurso perigoso do senso comum, pelo qual a indústria é relegada a um papel secundário por desconhecimento ou pior, puro preconceito. A verdade é que a indústria nacional sempre foi a grande responsável pelas principais transformações tecnológicas que alavancaram o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Esquece-se, por exemplo, que deixamos de ser um país de população e economia agrárias a partir da decisão de se fomentar o desenvolvimento nacional tendo a indústria como sua força motriz. Primeiro pelos setores de base, em seguida pela indústria automotiva.
É no dia a dia, na disputa diária dentro do ambiente político, que fica clara essa visão de que a indústria não é, de fato, a grande responsável para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do Brasil.
E foi a partir desse processo, quando deixamos de ser um país agrícola, que tudo mudou, que a economia cresceu, que o agronegócio se “industrializou”, produzindo mais e melhor e entramos para o seleto grupo das principais economias do planeta.
Hoje a indústria é responsável por 25,5% do produto interno bruto, por 55% das exportações, 66% dos gastos em pesquisa e desenvolvimento feitos pela iniciativa privada, por mais de 30% da arrecadação de tributos federais e emprega mais de 7 milhões de brasileiros.
Os dados falam por si
A cada real produzido na indústria são gerados R$ 2,69 na economia nacional como um todo, mais que os R$ 1,71 na agricultura e R$ 1,52 em comércio e serviços.
Por isso que onerar a indústria, enfraquecendo sua capacidade de produção, levaria ao óbvio recrudescimento do PIB, com redução da renda e menos geração de emprego. E isso vale também para os custos que indústria tem com energia elétrica, por exemplo. Quando o custo da energia aumenta para as fábricas, esse valor é repassado aos produtos.
Sendo assim, o brasileiro acaba pagando duas vezes, uma na conta de energia que chega em sua casa e outra nos produtos que consome. Hoje, 33% do custo do litro do leite é energia; 14% de um automóvel, energia; 24,5% de um saco de cimento é energia elétrica!
Portanto, não há disputa, nem diferenças gritantes com outros setores. É na indústria que são desenvolvidas e produzidas praticamente todas as soluções que fazem os outros setores da economia se desenvolverem. Por exemplo, novas e melhores variedades de sementes, defensivos mais eficazes e seguros, além das modernas máquinas que fazem da agricultura brasileira uma das mais competitivas do mundo.
O Brasil deve celebrar a indústria como ente transformador e capaz de impulsionar a nossa economia, com inovação e sinergia com os segmentos da economia que, juntos, vão trazer mais produção ao parque industrial, desenvolvendo o país, gerando emprego e renda aos brasileiros e fazendo do país uma potência capaz de levar produtos com baixo carbono para outros países.
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