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Mitsui compra 75 mil toneladas de lítio em Minas Gerais

Companhia adquiriu US$ 30 milhões em ações da Atlas Lithium, que desenvolve projeto de exploração mineral no estado

Japonesa Mitsui compra 75 mil toneladas de lítio em Minas Gerais com a compra de US$ 30 milhões em ações da Atlas Lithium. Na imagem: Marc Fogassa, CEO da Atlas Lithium, e Akinobu Hashimoto, Diretor Geral da divisão de novos metais alumínio da Mitsui (Foto: Divulgação)
Marc Fogassa, CEO da Atlas Lithium, e Akinobu Hashimoto, Diretor Geral da divisão de novos metais alumínio da Mitsui (Foto: Divulgação)

RIO – A japonesa Mitsui fechou um acordo, nesta quinta (28/3), de investimento na Atlas Lithium – companhia com sede nos Estados Unidos que desenvolve um projeto de exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.

O acordo, assinado na capital japonesa Tóquio, consiste na compra pela Mitsui de US$ 30 milhões em ações ordinárias da Atlas e um contrato de offtake para a compra futura de 15 mil toneladas de concentrado de lítio (ou espodumênio) da Fase 1, e 60 mil toneladas por ano, durante cinco anos da Fase 2 do Projeto Neves, da Atlas Lithium.

O Projeto Neves deve iniciar a operação no quarto trimestre de 2024, com produção anual de 300 mil toneladas de concentrado de espodumênio, o que equivale a aproximadamente 1 milhão de veículos elétricos, segundo a Atlas.

“Hoje é um marco significativo para a Atlas Lithium à medida que avançamos em direção ao nosso objetivo de nos tornarmos um importante fornecedor de lítio para a cadeia global de fornecimento de materiais para baterias de veículos elétricos”, afirmou Marc Fogassa, CEO e presidente da Atlas Lithium.

A Mitsui atua no Brasil desde a década 1970, com investimentos nas áreas de mineração, energia, entre outros.

Segundo comunicado da empresa japonesa, “a participação neste negócio de mineração de lítio fortalecerá ainda mais o nosso portfólio de negócios na indústria de baterias e contribuirá para o estabelecimento de cadeias de valor de baterias estáveis e confiáveis”.

Competitividade do Brasil

Recentemente, a Atlas garantiu investimentos previstos para colocar em pé a primeira planta da companhia. A Chengxin, maior fornecedora da chinesa BYD, a Yahua, fornecedora da norte-americana Tesla, anunciaram um total de US$50 milhões para a Atlas Lithium.

O contrato envolve o investimento direto na empresa (US$10 milhões) e acordos de compra (US$40 milhões), em troca de 80% dos ativos da companhia.

“Essas empresas são grandes produtoras de produtos químicos com base em lítio. A Yahua vai fabricar com o nosso concentrado espodumênio hidróxido de lítio, e Chengxin provavelmente vai produzir carbonato de lítio”, detalhou Fogassa, em entrevista à agência epbr.

Na ocasião, o executivo destacou a competitividade do lítio brasieliro, mesmo com o derretimento dos preços do mineral no mercado.

“Os preços do hidróxido de lítio, do carbonato de lítio e do espodumênio caíram entre 70% e 80%. Nós da Atlas não estamos preocupados, porque acreditamos que o nosso produto vai continuar sendo um produto de alta qualidade e relativo baixo custo”, disse.

Segundo Fogassa, os custos de extração e da operação da planta de lítio na região são muito baixos e devem ser ainda mais competitivos que de outros grandes produtores mundiais, como a Austrália.

“O Brasil está como a Austrália estava há dez anos, só que o custo do Brasil é um quarto ou um terço do custo da Austrália, incluindo mão de obra, insumos, transporte etc. Isso permite o material produzido no Brasil ter um custo atrativo”.