RIO – O Pátria Investimentos anunciou, nesta terça-feira (20/2), o lançamento de um fundo de investimentos em infraestrutura para projetos de pequeno e médio porte, com foco em áreas ligadas à transição energética e setores que impactam o desenvolvimento econômico e social no Brasil, como saneamento e mobilidade.
O fundo já captou R$ 1 bilhão junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e a IFC (International Finance Corporation, membro do Grupo Banco Mundial).
A expectativa é que o fundo chegue a R$ 5 bilhões, a partir da captação de novos recursos, sobretudo de investidores institucionais.
Transição energética
Na área de transição energética, estão no radar investimentos em geração distribuída, energia eólica, energia solar, biocombustíveis, pequenas centrais hidrelétricas, transmissão, mobilidade e concessões de iluminação pública.
Iniciativas no segmento do hidrogênio também podem ser incluídas no futuro, caso se tornem viáveis, explicou o chefe das estratégias de Infraestrutura de Energia do Pátria no Brasil, Marcelo Souza.
“O Brasil tem a vantagem de já ter uma matriz muito limpa, mas queremos apoiar a expansão dessa matriz e eventualmente apoiar novas tecnologias”, disse em entrevista coletiva.
Do valor total do fundo, até 60% pode ser direcionado para iniciativas de transição energética. Os desembolsos devem ficar na faixa de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões por empreendimento e podem incluir iniciativas greenfiled (em fase inicial) ou brownfield (já desenvolvidos), com base em regras de diversificação.
‘Longuíssimo prazo’
A expectativa é ter os contratos de financiamento assinados em até três anos, com perspectiva de chegar a cerca de 40 projetos, que podem ser financiados parcial ou totalmente.
“Esse fundo será capaz de prover dívida de longuíssimo prazo, numa estrutura muito customizada, adaptando a estrutura de financiamento às necessidades de cada projeto”, explicou Souza.
Segundo Souza, um dos fatores que deve ajudar a atrair recursos é a nova lei com incentivos para a emissão de debêntures para investimentos em infraestrutura por concessionárias de serviços públicos, sancionada em janeiro pelo presidente Lula. A lei prevê benefícios tributários para os emissores dos títulos, numa dinâmica diferente das debêntures incentivadas, que concedem isenções ao comprador dos papéis.
O compromisso inicial do BNDES com o fundo é de R$ 500 milhões. A iniciativa vai atuar de forma complementar à atual carteira de projetos do banco de fomento, já que o fundo gerido pelo Pátria pode chegar a projetos que teriam maior dificuldade de acesso às estruturas tradicionais de financiamento.
“Estamos falando de apoiar empresas que não necessariamente teriam acesso direto ao crédito do BNDES, porque estão num estágio anterior, são projetos que não conseguem oferecer o nível de garantia ou ter o nível de rating exigido para um crédito direto”, explicou a diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias.
Alinhamento com o PAC
Além disso, Dias aponta que a alocação do fundo está em linha com os setores alvo do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e do Plano de Transformação Ecológica. Ela ressaltou a concentração de investimentos em quatro segmentos alinhados com a estratégia do BNDES: transporte eficiente e sustentável; cidades sustentáveis e resilientes; água para todo e transição e segurança energética.
“Existe [no fundo] um foco em setores muito alinhados com a política do governo, seja em saneamento, energia, mobilidade ou transformação ecológica. Sempre vamos usar o banco como instrumento de implementação de política pública”, disse.
Dias apontou ainda que a iniciativa faz parte da estratégia do BNDES de reestruturar a atuação em fundos de crédito, que devem passar a atuar em mais segmentos, como no desenvolvimento de cadeias produtivas. Hoje, o banco tem 50 fundos em carteira, dos quais 38 são de equity (participação societária) e 12 são focados em crédito.
“Vamos fomentar os fundos de crédito de uma maneira geral”, disse.