Empresas

New Fortress muda planos para assumir contratos do Portocem

Companhia abriu mão de térmica greenfield no Mato Grosso do Sul e vai concentrar capacidade no Pará

Gasap, distribuidora estadual de gás canalizado, busca supridores para levar gás natural ao Amapá a partir de 2030. Na imagem: New Fortress nos preparativos finais para operar o terminal de GNL de Barcarena, no Pará (Foto: Divulgação)
New Fortress nos preparativos finais para operar o terminal de GNL de Barcarena, no Pará (Foto: Divulgação)

RIO – A New Fortress Energy (NFE) recuou do plano original de segregar em dois novos projetos termelétricos – um em Barcarena (PA) e outro no Centro Sul – o contrato de reserva de capacidade da UTE Portocem (1,571 GW) – originalmente concebida para Pecém (CE).

O plano A da empresa, agora, é transferir a totalidade da capacidade do projeto de Portocem para o complexo termelétrico em construção pela companhia no Pará, informou a NFE ao ser questionada pela epbr sobre o pedido de troca de localização da UTE .

Os trâmites junto à Aneel já estão em curso. A New Fortress tem pressa para obtenção do aval da Aneel para mudança da localização do projeto de Portocem

A NFE tenta selar a transferência até 31 de março, data limite indicada pela Mitsubishi, contratada para iniciar a construção em Barcarena a tempo de garantir a entrada em operação comercial em julho de 2026.

Em outro movimento, na quinta (15/2), a companhia informou a conclusão da venda de sua fatia de 20% na Energos Infrastructure para fundos administrados pela gestora Apollo. Os recursos serão utilizados para pagamento de dívidas e investimentos.

Essas informações foram antecipadas pelo político epbr, serviço premium de informações sobre política energética da agência epbr (teste grátis por 7 dias).

Capacidade concentrada em Barcarena

Em janeiro, a NFE chegou a apresentar à equipe técnica da agência reguladora os planos de construir 472 MW no Mato Grosso do Sul, dentro da área de influência do Terminal Gás Sul (TGS), de sua propriedade, em Santa Catarina.

O plano era aproveitar a existência de um projeto greenfield com licenciamento já avançado: a UTE Fronteira – que já conta com licença prévia para instalação de até 665 MW.

O projeto foi qualificado em diversos leilões de energia entre 2017 e 2022. Um dos benefícios da localização apontados pela NFE junto à Aneel era de que o projeto já contaria com uma subestação localizada dentro do terreno – o que não demandaria a construção de uma linha de transmissão de interesse exclusivo.

O Mato Grosso do Sul é cortado pelo Gasbol, gasoduto ao qual o TGS, da New Fortress, está conectado. 

De acordo com os documentos na Aneel, a New Fortress defendeu que a segregação em dois projetos era a melhor alternativa para assegurar a segurança elétrica em mais de um submercado (Norte e SE/CO). Segundo fontes, contudo, a NFE recuou do plano após reuniões com técnicos da agência. 

A NFE já tem uma área adjacente à UTE Novo Tempo Barcarena (630 MW) disponível para a construção do projeto Portocem. No formato original, de duas novas usinas, já previa 1,1 GW adicional no Pará. 

A empresa possui, inclusive, acordo firmado com a Mitsubishi que garante a disponibilidade de turbinas e equipamentos de forma a atender a data de operação comercial do contrato de Portocem.

Barcarena terá um terminal de regaseificação com capacidade para 15 milhões de m³/dia, viabilizado pelo leilão da térmica, à época, um projeto da Golar, que teve seus ativos comprados pela NFE

Além da UTE Novo Tempo, que pode consumir até 2 milhões de m³/dia durante o contrato de 15 anos, a NFE tem contrato com a planta de alumina da Alunorte (Norsk Hydro), com 2,2 milhões de m³/dia.

New Fortress vende Energos para levantar recursos

Com a conclusão da venda da fatia de 20% na Energos Infrastructure, a NFE deixa a joint venture formada em 2022 com a Apollo e que controla uma frota de 13 navios de GNL, entre unidades flutuantes de regaseificação (FSRUs) e gaseiros. A sócia está assumindo a participação.

A NFE anunciou que usará as receitas com a venda, cujo valor não foi divulgado, para pagamento de dívidas e investimentos em projetos downstream – sem especificá-los.

Fora do Brasil, a New Fortress também tem novos projetos de geração a gás em Porto Rico, México e Nicarágua.

Continuará como cliente da Energos, com a qual possui contratos de afretamento de longo prazo de seis navios, incluindo as embarcações Energos Winter, que será utilizada no TGS, em Santa Catarina; e a Energos Celsius, do projeto em Barcarena, no Pará.