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Unigel trabalha para adequar contratos antes de retomar fábricas de fertilizantes no Nordeste

Companhia assinou um contrato tolling com a Petrobras, que vai permitir a reativação das unidades paralisadas em 2023

Vista das instalações em fábrica de fertilizantes (fafen) da Unigel (Foto: Divulgação)
Fábrica de fertilizantes da Unigel (Foto: Divulgação)

RIO – A Unigel está terminando adequações contratuais para a retomada das operações das fábricas de fertilizantes da Bahia e de Sergipe. A companhia fechou, em dezembro de 2023, um acordo de industrialização por encomenda (tolling) com a Petrobras.

“As fábricas estão prontas para a repartida, mas ainda há detalhes a serem alinhados”, informou a assessoria da empresa nesta segunda (29/1), após contato da epbr.

A Unigel registrou um prejuízo de R$ 1 bilhão até setembro do ano passado e paralisou, desde junho, a produção de fertilizantes, que inclui sulfato de amônio, amônia, ureia e Arla, aditivo automotivo necessário para controle de emissão de poluentes.

Segundo a Unigel, o negócio perdeu a rentabilidade com a queda global dos preços dos fertilizantes, em descompasso com o custo do gás natural, seu principal insumo. Ela chegou a entrar com um pedido de recuperação judicial, mas foi aberta uma mediação com credores na Justiça de São Paulo.

O contrato de tolling, fechado com a Petrobras, é de curto prazo: são oito meses, para permitir a retomada do suprimento do mercado doméstico, apurou a epbr.

Tolling demanda mudança em contratos com distribuidoras

No tolling, a produção é feita por meio de um contrato de serviço, em que o gás natural é da Petrobras, diferentemente de um suprimento feio por meio das distribuidoras estaduais, em que o insumo é vendido para atendimento às fábricas.

Uma das condições é o aditamento dos contratos com a Sergás (SE) e Bahiagás (BA) para incluir a Petrobras, que passa a ser responsável pelo pagamento da tarifa de movimentação às distribuidoras e por comercializar o gás à Unigel.

Segundo fontes envolvidas no processo, os trâmites estão em “fase final”, depois de discussões técnicas que envolveram, por exemplo, a qualidade do gás fornecido e a adequação às normas regionais.

As fábricas são da Petrobras e foram arrendadas em contratos de dez anos, a partir de 2021. A companhia havia desistido do segmento, em razão da baixa rentabilidade.

Fontes próximas às negociações, apontam que a unidade precisa de um preço de gás de até US$ 6 por milhão de BTU para manter as atividades de forma rentável.

Até o terceiro trimestre do ano passado, o preço médio nacional para o consumidor final industrial e com impostos variou de US$ 19 a US$ 22 por milhão de BTU, a depender das faixas de consumo, segundo balanço do Ministério de Minas e Energia (MME).

A Petrobras era a principal, mas não a única fornecedora das plantas em Laranjeiras (SE) e no polo de Camaçari (BA).

Na Bahia, a Unigel é um dos três principais clientes do mercado livre, junto com a refinaria de Mataripe, da Acelen, e a usina termelétrica Termobahia, da Petrobras. A fábrica de fertilizantes baiana consome 1,3 milhão de metros cúbicos por dia quando opera a plena capacidade.

Essas negociações entre a Petrobras e a Unigel ocorrem no contexto do retorno da estatal ao segmento de fertilizantes, que inclui também estudos para a retomada da operação da Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa) e para retomar as obras da UFN 3, em Três Lagoas.