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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Durante a inauguração das obras de ampliação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a estatal pretende produzir futuramente diesel R5, coprocessado com óleos vegetais, além de hidrogênio e e-metanol.
“O petróleo pode acabar, mas a Rnest não acaba”, afirmou na quinta (18/1).
Além de produzir hidrogênio de baixo carbono, a petroleira também pode se tornar âncora da demanda pelo produto renovável dentro da estratégia de neoindustrialização do governo brasileiro.
A oferta de derivados de petróleo ainda crescerá: a Petrobras deve investir entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões na ampliação da Rnest, para que a capacidade de processamento aumente dos atuais 100 mil barris por dia (bpd) para 260 mil bpd.
Mas o fato é que há um movimento do refino brasileiro em direção a novos produtos, ou pelo menos, melhorias nos processos para reduzir emissões e consumo de energia.
A pressão está aumentando: a última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) encerrou com os países concordando com a transição para longe dos combustíveis fósseis. Mesmo sem um indicativo de quando, é um sinal de que alguma coisa precisa mudar nos modos de produção.
No mundo, grandes refinarias estão ampliando a eficiência no uso de energia e água, convertendo gases das unidades de hidrotratamento em fertilizantes, e substituindo fontes fósseis por renováveis.
Aqui no Brasil, Petrobras e Acelen já anunciaram, por exemplo, investimentos em usinas solares para fornecer eletricidade para as operações das plantas que processam petróleo.
No futuro não muito distante, a tendência é que parte dessas unidades sejam convertidas em biorrefinarias para substituir o petróleo por biomassa como matéria-prima dos combustíveis.
Onde estamos
Os esforços para reduzir os impactos do refino tradicional estão focados nas emissões de escopo 1, que são resultado direto das atividades operacionais, e de escopo 2, que são aquelas provenientes do consumo de energia.
Entram em cena iniciativas como o RefTOP, programa de eficiência operacional para o refino lançado pela Petrobras em 2021.
petro
Responsável pela maior parte do parque de refino do país, a estatal planeja investir US$ 1,1 bilhão até 2030 para igualar seu desempenho aos melhores do mundo – mas ainda não detalhou os parâmetros usados para medir esses avanços.
A Acelen, que opera a Refinaria de Mataripe (BA), também tem investido neste sentido. Em 2022, foram destinados R$ 1,4 bilhão para melhorias operacionais e redução de impactos ambientais.
A companhia afirma que, desde que assumiu o ativo, em dezembro de 2021, no processo de desinvestimentos da Petrobras, conseguiu reduzir 273 mil toneladas de CO2 na carga processada.
Mas é no escopo 3 que mora o maior desafio. A categoria diz respeito à cadeia de suprimentos e aos produtos – neste caso, baseada em combustíveis fósseis – e responde por cerca de 80 a 95% do total de emissões das empresas de petróleo e gás.
No entanto, até o final de 2022, apenas dez produtores de óleo e gás no mundo inteiro tinham metas para zerar emissões do escopo 3.
Como o refino vai se adaptar?
Mais do que melhorias operacionais, se a indústria quiser atacar as emissões de forma significativa, será preciso mudar o produto. Por isso a tendência de migração, aos poucos para o biorefino.
Como parte desse movimento, a Petrobras tem iniciativas para implantar plantas dedicadas à produção de bioquerosene de aviação e diesel 100% renovável na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em São Paulo, e no Polo Gaslub, no Rio de Janeiro, que serão concluídas após 2028.
A companhia também trabalha em parceria com a Ultra e a Braskem para transformar a Refinaria Riograndense, em Rio Grande (RS), em uma biorefinaria até 2026.
A Acelen também está de olho no biorrefino e planeja investir US$ 2,5 bilhões para entrar na produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel renovável.
Inicialmente, os derivados serão produzidos a partir de óleo de soja e milho, mas o objetivo da companhia é focar no uso da macaúba, planta nativa brasileira. A previsão é de início de produção no segundo semestre de 2026, com capacidade para entregar 20 mil barris/dia
Projetos que podem ficar com a Petrobras. Em dezembro, a estatal informou ter recebido uma proposta oficial da Mubadala Capital para aquisição de participação acionária na controladora da Refinaria de Mataripe e na Acelen Energia Renovável, que desenvolve a biorrefinaria.
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