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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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O ano mais quente da história ficou marcado por eventos climáticos como secas extremas e incêndios, além de chuvas torrenciais e inundações, que contribuíram para o prejuízo global de US$ 250 bilhões em 2023, de acordo com dados compilados pela companhia de resseguro alemã Munich Re.
Desse total, apenas US$ 95 bilhões estavam segurados – ante US$ 125 bilhões em 2022.
A análise publicada nesta terça (9/1) mostra que as perdas registradas em 2023 tiveram como característica o grande número de tempestades regionais severas: 76% dos custos foram relacionados ao clima.
Estados Unidos e Europa, por exemplo, nunca haviam registrado prejuízos tão altos devido a tempestades: cerca de US$ 66 bilhões em ativos foram destruídos nos EUA (US$ 50 bilhões estavam segurados) e mais US$ 10 bilhões na Europa (US$ 8 bilhões segurados).
Já os outros 24% dos danos financeiros atrelados a desastres tiveram causas geofísicas, como a série de terremotos no sudeste da Turquia e Síria, em fevereiro – o desastre natural mais destrutivo do ano, com perdas totais de cerca de US$ 50 bilhões (US$ 5 bilhões segurados).
Recordes de temperatura, chuvas e incêndios
Em março do ano passado, cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) publicaram a quarta e última parte do Sexto Ciclo de Avaliação com um alerta: as emissões de gases de efeito estufa precisam cair agora.
O documento reúne análises de centenas de pesquisadores do mundo inteiro sobre a velocidade com que o clima está afetando regiões e populações inteiras e estima que mais de três bilhões de pessoas estão altamente vulneráveis.
O ano passado deu uma demonstração do que está por vir.
Em todo o mundo, as temperaturas médias até novembro estavam cerca de 1,3ºC acima das registradas na era pré-industrial (1850-1900). O fenômeno El Niño ajudou a elevar o termômetro, mas a comunidade científica é enfática em atribuir a tendência de aumento principalmente às mudanças climáticas.
Os eventos mais caros do ano
Depois dos terremotos na Turquia e Síria, o segundo desastre natural mais caro, em termos de perdas totais, foi o tufão Doksuri, que passou pela costa das Filipinas em julho e atingiu a província de Fujian, na China. O evento foi acompanhado por chuvas intensas que desencadearam inundações destrutivas: prejuízos de cerca de US$ 25 bilhões (US$ 2 bilhões estavam segurados).
- Em partes da China, 600 mm de chuva caíram em um único dia, a maior quantidade diária já registrada no país.
Outro evento excepcional elencado pela Munich Re foi o furacão Otis na costa oeste do México, em outubro.
“Em vinte e quatro horas, ele se transformou de uma fraca tempestade tropical em um furacão de categoria máxima. Ao atingir diretamente o resort de férias de Acapulco, devastou a cidade. Com velocidades do vento de até 265 km/h, foi a tempestade mais severa a atingir a costa do Pacífico do México”, apontam os analistas.
As perdas totais são estimadas em US$ 12 bilhões, dos quais cerca de US$ 4 bilhões estavam segurados devido à alta concentração de hotéis na cidade.
Prejuízos de R$ 1,4 bi no Brasil
De acordo com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, mais da metade dos municípios brasileiros esteve em situação de emergência ou estado de calamidade no ano passado, com 14,5 milhões de pessoas afetadas e gastos de R$ 1,4 bilhão com desastres climáticos.
Além disso, há pelo menos 10 milhões de pessoas morando em áreas de risco no Brasil, onde os impactos das mudanças climáticas são ainda mais severos.
Cobrimos por aqui:
- Ação lenta faz custo de adaptação climática dobrar
- COP28 começa com acordo para remediar perdas e danos em países pobres
- Veja quais são litorais brasileiros mais afetados por extremos climáticos
- Número de mortes causadas por extremos climáticos foi 15 vezes maior na última década
Curtas
Confirmado: 2023 foi o ano mais quente da história
O Programa de Observação da Terra da União Europeia Copernicus (C3S) confirmou em relatório divulgado nesta terça (9/1) que 2023 foi o ano com as maiores temperaturas já registradas: uma média deºCºC, ou 0,17º C a mais do que o recorde anterior, de 2016. O planeta esteve 1,48º C mais quente do que no período pré-industrial, e perigosamente próximo do limite de 1,5º C do Acordo de Paris.
Mapeando emissões
O Porto Sudeste, no Rio, firmou uma parceria com a plataforma marítima digital RightShip para calcular as emissões dos navios e identificar áreas de oportunidade para reduzir o impacto ambiental. As companhias vão implementar, pela primeira vez na América Latina, o Portal de Emissões Marítimas (MEP), uma ferramenta para monitorar e reduzir as emissões de escopo 3 (cadeia de suprimentos).
Empréstimo verde?
A Investors for Paris Compliance apresentou uma queixa nesta terça (9/1) instando os reguladores de valores mobiliários a investigarem os principais bancos canadenses sobre suas alegações relacionadas ao clima e supostas divulgações enganosas. O grupo de ativistas climáticos alega que os “empréstimos verdes” dos bancos carecem de divulgações adequadas sobre o seu impacto nas emissões de carbono.
Armazenamento nos EUA
A capacidade de armazenamento de energia a bateria dos EUA poderá aumentar em 89% até o final de 2024 se todos os sistemas planejados entrarem em operação de acordo com as previsões, afirmou a Administração de Informação de Energia nesta terça (9). São esperados 15 gigawatts (GW) em 2024.