RIO – A Petrobras informou nesta sexta (22/12) que recebeu da Mubadala Capital uma proposta oficial para formação de uma parceria estratégica e que avaliará a aquisição de participação acionária na Acelen (controladora da Refinaria de Mataripe) e na Acelen Energia Renovável, que desenvolve um projeto de uma biorrefinaria anexa à refinaria na Bahia.
A Mubadala Capital formalizou a proposta com os principais termos e condições da eventual parceria nas áreas de refino e biorrefino.
Segundo a Petrobras, o modelo de negócio a ser analisado levará em consideração investimentos futuros e desenvolvimento de novas tecnologias em conjunto com a Mubadala Capital.
A petroleira brasileira esclareceu, em nota, que a proposta ainda será objeto de avaliação interna. E destacou que eventuais decisões de investimentos deverão passar pelos “processos de planejamento e aprovação previstos nas sistemáticas aplicáveis”, a partir da demonstração de sua viabilidade técnica e econômica.
A Refinaria de Mataripe é a antiga Landulpho Alves (Rlam), primeiro projeto de refino vendido no processo de desinvestimento da Petrobras durante o governo de Jair Bolsonaro.
A unidade hoje é operada pela Acelen, do Mubadala, o fundo soberano de Abu Dhabi, que assumiu a operação em dezembro de 2021 depois de desembolsar US$ 1,8 bilhão.
Localizada em São Francisco do Conde (BA), possui capacidade de processamento de 333 mil barris/dia; quatro terminais de armazenamento; e um conjunto de oleodutos que interligam a refinaria e os terminais.
Recompra de refinarias é bandeira do governo
Em novembro, ao detalhar o novo plano estratégico da Petrobras, o presidente da companhia, Jean Paul Prates, antecipou que a petroleira estava em conversas com a Mubadala e que a recompra de Mataripe era uma possibilidade.
“É uma possibilidade. Mas é mais um dos assuntos que não podemos sair comentando, por causa das negociações. Conversamos com a Mubadala várias coisas, isso também está nesse processo, mas não é o principal”, disse no dia 24 de novembro, após coletiva de imprensa.
O plano estratégico da Petrobras prevê US$ 5 bilhões de investimentos entre 2024-2028, para projetos ainda em avaliação na carteira nas áreas de refino, transporte e comercialização – o que pode incluir eventuais aquisições.
A recompra de refinarias privatizadas pela estatal, nos últimos anos, foi uma bandeira levantada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao longo deste primeiro ano do governo Lula.
“A Petrobras deve avaliar recomprar a Rlam. É um ativo histórico e que fez parte da estratégia de desmonte do Sistema Petrobras e nunca deveria ter sido vendido”, disse em nota divulgada em setembro.
A venda de oito refinarias foi um compromisso firmado pela Petrobras com o Cade em 2019, para a abertura do mercado de refino. Além da Rlam, foram vendidas também a Reman, no Amazonas, para o grupo Atem, além da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) no Paraná, para a F&M Resources.
A Refinaria Clara Camarão (RN) não fazia parte do acordo, mas também foi vendida, para a 3R Petroleum.
A estatal também chegou a assinar contrato para venda da Lubnor no Ceará, com a Grepar, mas rescindiu o acordo no mês passado.
Interromper a venda dos ativos é uma demanda do Planalto e uma promessa eleitoral do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A Petrobras pediu recentemente ao Cade a renegociação dos termos de compromisso de cessação (TCC) assinados para as áreas de refino e gás natural.
A Petrobras alega que o novo plano estratégico 2024-2028 mudou a perspectiva de investimentos e a atuação da empresa.
Acelen mira exportação de SAF
Acelen Renováveis, lançada pela Mubadala Capital na COP28, em Dubai, anunciou durante o evento a abertura de um escritório em Houston, no Texas (EUA), e a escolha de parceiros para desenvolvimento da planta de produção de HVO (diesel renovável) e SAF (combustível sustentável de aviação) na Bahia.
A companhia espera desenvolver sua atuação na distribuição dos combustíveis verdes no mercado americano.
Como revelado pela agência epbr em novembro, a Acelen enxerga exportação de SAF para os mercados do Canadá e Estados Unidos e, eventualmente, para a Europa.
A companhia também tem a intenção de adquirir ativos nos Estados Unidos.