RIO – A Atem Participações, grupo que comprou a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), da Petrobras, em Manaus (AM), fincou os pés no setor de exploração e produção de óleo e gás nesta quarta (13/12), ao comprar seus primeiros blocos exploratórios, com foco na Bacia do Amazonas.
A empresa levou, sozinha, como operadora, quatro blocos no setor SAM-O. As áreas custaram R$ 7,8 milhões em bônus de assinatura.
A companhia adquiriu ainda a área de acumulação marginal Japiim, também na Bacia do Amazonas, como sócia minoritária da Eneva (80%), por R$ 165 mil.
Parceria com a Eneva
A parceria com a Atem vai dar tranquilidade para desenvolver o projeto de Japiim e pode render outros projetos futuros, afirmou o diretor de Exploração da Eneva, Frederico Miranda, durante a super live da agência epbr sobre os leilões da ANP. Assista na íntegra aqui
“Nos coloca numa posição muito confortável. Até mesmo para gerenciar em que momento vamos iniciar as atividades. Assinar o contrato, previsto para maior do ano que vem. A gente tem o programa de trabalho inicial que deve ser feito, a reentrada no poço descobridor. Não tem necessidade de aceleração”, explicou.
“Eu vejo com muito bons olhos essa parceria com a Atem, que também reforça nosso compromisso com as empresas locais. Então a gente desenvolve o primeiro passo de uma parceria com uma empresa local, com expertise único na região amazônica, que vem a somar no projeto Japiim”, disse. “Em relação à Atem, em contrapartida eles ganham um parceiro que é o maior operador onshore, com um vasto conhecimento das bacias em que atuam.”
Sobre a aquisição de blocos exploratórios pela refinaria, Miranda disse que pode haver conversas para trabalhos conjuntos no futuro, mas no momento, o foco é Japiim.
“Eles foram com apetite grande nas áreas exploratórias do Amazonas, o que achei interessante. Mas não têm no momento um grupo de subsuperfície. Eles não têm um grupo técnico focado na exploração, que vai ser o primeiro passo, o primeiro compromisso que eles assumiram ao adquirir esses blocos. Acho que é bem provável que haja algum diálogos em relação a esses blocos no futuro, mas na verdade hoje tem a parceria em Japiim e esse é o foco da parceria.”
Verticalização
A aquisição das áreas no leilão da ANP foi mais um passo da Atem na estratégia de verticalização de seus negócios.
A empresa atuava tradicionalmente no mercado de distribuição de combustíveis. Conta com uma rede de mais de 300 postos, nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul.
No ano passado, estreou como refinador, ao comprar a Reman por US$ 189,5 milhões.
A análise da aquisição, pelo Cade, foi marcada por questionamentos de empresas concorrentes, mas foi aprovada pelo órgão antitruste com restrições.
O tribunal do Cade condicionou a transação ao acordo de controle de concentração (ACC) apresentado pela Atem e pela Petrobras.
Houve, então, a imposição de remédios estruturais, que possuem um caráter permanente de duração, assim como remédios comportamentais, os quais valerão durante o período do acordo firmado, dentre os quais:
- a Atem deverá assegurar, pelo prazo de três anos, a possibilidade de construção de dutos para interconexão das bases das distribuidoras concorrentes com o terminal aquaviário (TUP) da Reman, integrado à refinaria, incluindo o direito de passagem pelas instalações;
- a Atem deverá também garantir o acesso indiscriminado e a prestação de serviços de movimentação de combustíveis para terceiros;
- o livre acesso se dará por meio da criação de um operador logístico independente, empresa que deverá ser criada pela Atem, atendendo aos critérios de desverticalização e independência na gestão — inclusive quarentena de funcionários — entre a refinaria, a nova empresa e a distribuidora;
- como forma de remediar a carência de infraestrutura, a distribuidora Atem deverá disponibilizar até 50% da capacidade de tancagem para armazenar combustíveis de terceiros. A medida visa a remediar eventuais negativas de acesso justificadas e gargalos existentes na transição do ACC.