APRESENTADO POR
SÃO PAULO – O principal papel das comercializadoras de gás no Brasil hoje é reduzir a complexidade do mercado, afirmou Carolina Bunting, gerente de Vendas e Originação de Gás da Shell Energy Brasil, durante o primeiro Shell Energy Gas Forum, uma parceria entre a agência epbr e a Shell Energy Brasil (veja a íntegra acima).
A executiva explicou que os consumidores podem ter dificuldades para navegar pelas diferentes regras existentes em cada estado e em encontrar as opções que atendam as demandas com flexibilidade sem ocasionar futuras multas ou punições. A Shell Energy pode ajudar os clientes a navegar por essas regras e buscar uma combinação de contratos que atenda as necessidades de cada cliente.
“Eu vejo que o grande papel de uma comercializadora é realmente gerar liquidez e criar mercado. Então, seria endereçar as dificuldades, riscos, necessidades do cliente e do produtor”, disse Carolina Bunting.
“Tem alguns produtores que têm medo de entrar no mercado brasileiro. É complexo, tem muitos custos fixos e é difícil de gerenciar. Da mesma forma, o cliente entende que sempre vai ter algum imprevisto e vai ter uma necessidade que o GSA [Gas Supply Agreement], um contrato mais padrão, talvez não atenda.”
Ela afirmou que a comercializadora tem trabalhado com um modelo de contrato mais flexível, o Master Sales Agreement (MSA), para atender essas variações no consumo ao longo do ano sem que haja penalidades.
“Às vezes o cliente que está operando no mercado em Minas Gerais quer operar da mesma forma no Espírito Santo e não consegue. Isso cria muita dificuldade e frustração para o cliente, que quer um one-size-fits-all solution e não tem essa opção”, explicou a executiva.
“O papel que a gente vê da Shell é também facilitar esse processo para o cliente, explicar como é que funciona o mercado e ajudar essa entrada no mercado no Brasil todo. E não ter que ficar concentrado somente em um estado por conta de algumas restrições. A gente está operando em vários estados do Brasil, tem esse conhecimento, pode segurar a mão do cliente e realmente explicar como é que vai funcionar esse processo”, concluiu.
Makyo Félix, gerente de Suprimento de Gás e Mercado da Bahiagás, afirmou que o caminho é dar mais flexibilidade aos contratos e opções para o consumidor.
“Acho que a evolução do próprio mercado é esse contrato mais flexível, que dá oportunidade a parte fazer a aquisição de gás. E a gente acha que no futuro pode até ser o inverso. Se tiver um excedente de gás, vender para a comercializadora, para o carregador, para que o mercado fique equilibrado, busque o equilíbrio. Porque quando você fica positivo, provavelmente alguém ficou negativo na outra ponta”, disse o executivo.
“A gente tem que encontrar esse mecanismo de estabilizar o mercado para fugir, claro, de pagamento de excessos de penalidades, custos que não são necessários e manter essa competitividade, que é o que a gente precisa”, avaliou Makyo.
Shell quer entrar no mercado brasileiro de biometano
A Shell também informou que tem interesse em entrar na comercialização de biometano no mercado brasileiro. O objetivo é ter o gás renovável no portfólio de produtos de seu braço de comercialização, a Shell Energy Brasil, de olho na demanda por descarbonização dos clientes.
“A Shell está interessada em biometano, estamos falando com produtores, estamos interessados em comprar e também estamos falando com clientes que estão interessados em comprar e trazer esse gás para reduzir a pegada de carbono deles”, afirmou Carolina Bunting.
Ela lembra que a petroleira já atua no setor fora do país. Este ano, concluiu a compra da Nature Energy Biogas, maior produtor de biometano da Europa.
“O biometano é uma área que a gente já tem muito investimento em outras partes do mundo, que são bem grandes na Europa, inclusive. E a gente vê que o potencial no Brasil também é enorme”, complementou.
Carolina Bunting destacou que a Shell tem sido criteriosa na avaliação de oportunidades de negócios na área.
“Eu acho que tem alguns desafios a serem superados, por isso estamos sendo bem criteriosos em relação a que tipo de produto que a gente está querendo comprar e que tipo de projeto que a gente quer viabilizar. Estamos dispostos a vir com uma parceria bem interessante para os produtores, justamente para poder criar um produto mais competitivo e alternativo para o cliente final, porque no fim das contas, eles estão buscando soluções que vão ajudá-los a reduzir a emissão, mas de uma forma econômica também”.
A executiva vê dois principais desafios para o desenvolvimento do mercado de biometano no Brasil. O primeiro é a logística – como conectar, de forma economicamente viável, as fontes de biometano, que são pulverizadas, aos centros de consumo e à rede de gasodutos.
“Um segundo ponto é qual é o valor do biometano no mercado brasileiro. Hoje o mercado está querendo fazer uma distinção entre o gás natural e o biometano. Então, a gente tem que fomentar isso, desenvolver talvez um padrão para o biometano e o reconhecimento também do produto. E, para isso, tem essa questão do lado regulatório”, comentou.
Sobre o Shell Energy Gas Forum
A agência epbr, em parceria com a Shell Energy Brasil, realizou em novembro o primeiro Shell Energy Gas Forum, que levou conhecimento sobre o mercado de gás natural e energia para a sociedade.
O encontro discutiu abertura do mercado de gás natural, a migração para o mercado livre e como consumidores podem aproveitar do mercado spot de gás natural para montar estratégias que possam ajudar a sustentabilidade da sua produção. Uma oportunidade para novos consumidores entenderem como funciona este mercado, os novos tipos de contrato disponíveis e os benefícios que podem trazer aos seus negócios.
Participaram do encontro a Carolina Bunting, gerente de Vendas e Originação de Gás da Shell Energy Brasil, e Makyo Félix, gerente de Suprimento de Gás e Mercado da Bahiagás.