Transição energética

Estado deve incentivar concessionárias a adotar biometano, diz Hugo Leal

Produção de biogás a partir de esgoto e lixo pode ser incluída nos contratos com empresas de saneamento e lixo, diz secretário de Energia e Economia do Mar do RJ

SÃO PAULO – O Estado deve incentivar as concessionárias de saneamento, coleta de lixo e distribuição de gás natural a explorar o biometano, disse o Hugo Leal, que é secretário de Energia e Economia do Mar do RJ. Segundo ele, que é deputado federal pelo PSD do Rio, uma oportunidade são os processos de privatização de estatais como a Sabesp, em São Paulo.

“Vamos pegar um exemplo prático para a nossa população entender, para o nosso ouvinte, a Sabesp. Na hora que você faz o edital, você estabelece que o material produzido, que é aquele material vai ter que gerar biogás”, disse Leal em entrevista exclusiva ao estúdio epbr durante 10º Fórum do Biogás, organizado pela Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), em São Paulo (veja a íntegra acima).

Nos casos em que a concessionária já foi privatizada, como a Cedae, no Rio, o deputado diz que os governos devem mostrar para as empresas as vantagens de transformar um problema, que é o lixo, em uma riqueza, que é o biometano.

Resíduos sólidos

“Eu estou falando de uma solução [para o] que é um dos maiores problemas, os resíduos sólidos, um dos maiores problemas do país, dos municípios, das cidades”, disse.

“Agora é chamar quem opera, porque nenhum empresário vai colocar dinheiro sabendo que não vai ter retorno, e hoje tem, o biometano hoje é uma riqueza.”

Duas empresas produzem biometano a partir de resíduos sólidos atualmente no Rio de Janeiro.

A Gás Verde, do Grupo Urca Energia produz 130 mil m³/dia no aterro de Seropédica e está convertendo ativos em São Gonçalo e Nova Iguaçu, todos no Rio de Janeiro. Com a compra da empresa portuguesa ENC Energy, em junho, vai incorporar ao seu portfólio oito térmicas a biogás e espera atingir uma produção de 470 mil m³/dia de biometano em 2025 e 580 mil m³/dia em 2026.

Já a Ecometano, da MDC, produz um volume superior a 100 mil m3/dia de biometano, no Rio de Janeiro e Ceará. A empresa é um dos principais agentes do setor no Brasil. Produz o combustível renovável no aterro Dois Arcos, em São Pedro da Aldeia (RJ); e no aterro sanitário de Caucaia, operado pelo grupo Marquise na Região Metropolitana de Fortaleza (CE).

Além disso, tem dois outros projetos do tipo em desenvolvimento, ambos com produção estimada da ordem de 60 mil m3/dia: um em Caieiras (SP), em parceria com a Solví, previsto para 2024; e um segundo em Manaus (AM), com o grupo Marquise.

Corredores sustentáveis

Hugo Leal afirmou que outra frente de desenvolvimento do biometano no Rio são os corredores sustentáveis. O primeiro foi inaugurado na última semana, na Rodovia Presidente Dutra, com sete postos capazes de abastecer caminhões e ônibus com GNV e biometano.

De acordo com o secretário, a grande vantagem dos postos adaptados é reduzir o tempo de abastecimento, de 50 minutos, com uma bomba normal de GNV, para 15 minutos, com um equipamento de alta pressão nos corredores sustentáveis.

A ideia é expandir os corredores para outras rodovias e ampliar o número de postos.

Confira a cobertura da epbr no 10º Fórum do Biogás