Diálogos da Transição

América Latina terá 15% da capacidade global de hidrogênio planejada até 2030

Volume de produção de hidrogênio de baixo carbono pode alcançar 6 milhões de toneladas

América Latina e Caribe tem 15% da capacidade global de hidrogênio de baixo carbono planejada até 2030. Na imagem: Módulo gerador de hidrogênio da planta de flotação Las Tórtolas, da mineradora Anglo American, no Chile (Foto: Divulgação)
Módulo gerador de hidrogênio da planta de flotação Las Tórtolas, da mineradora Anglo American, no Chile (Foto: Divulgação)

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Editada por Nayara Machado
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Projetos de hidrogênio de baixo carbono anunciados na América Latina e Caribe poderão levar a capacidade de produção da região a 3,5 milhões de toneladas do energético até 2030, com destaque para a rota que utiliza a eletrólise com renováveis.

Na estimativa do novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), caso todos os projetos hoje em fase conceitual se materializem, esse volume pode chegar a 6 milhões de toneladas, o equivalente a 15% dos empreendimentos anunciados em todo o mundo.

Pelo menos onze dos 33 países na região publicaram ou estão preparando estratégias e roteiros nacionais para o hidrogênio: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Panamá, Paraguai, Trinidad e Tobago e Uruguai.

A abundância de recursos renováveis posiciona a ALC como uma das potenciais grandes exportadoras de combustíveis a base de hidrogênio, como metanol, amônia e SAF (aviação) até 2050.

Mas é preciso encontrar caminhos para viabilizar a aplicação do energético localmente, de forma também a desenvolver as indústrias nacionais.

Segundo a análise da IEA, a utilização do hidrogênio pelos latinoamericanos está prevista principalmente para aplicações tradicionais, como indústria química e refino.

Desenvolver ferro de baixo carbono amônia com baixas emissões – e custos competitivos – poderia impulsionar ainda mais a reindustrialização da região e atrair investimento estrangeiro.

Estudo do think tank de energia alemão Agora Energiewende calcula que, se países com grande potencial de produção de hidrogênio verde (eletrólise) barato, como o Brasil, investirem em “hidrogênio incorporado” na forma de ferro e aço verdes, é possível alavancar em 18% o valor das exportações e em 16% o mercado de trabalho local.

O Brasil está em fase de discussão de políticas de incentivo ao H2

O texto da reforma tributária aprovado pelo Senado Federal traz, dentre as novidades em relação às primeiras versões, a inclusão do hidrogênio verde no artigo que prevê os regimes fiscais favorecidos.

Em outra frente, a comissão especial da Câmara dos Deputados sobre transição energética discute um marco legal do hidrogênio de baixo carbono.

A votação do relatório do deputado Bacelar (PV/BA) deve ocorrer no final de novembro. De acordo com a Agência Câmara, o relator recebeu novas sugestões do governo federal e analisa possíveis alterações na última versão do texto, apresentada em 31 de outubro, após 241 contribuições encaminhadas por vários setores por meio de consulta pública.

Em busca de segurança jurídica para a produção e o uso do hidrogênio na matriz energética brasileira, Bacelar propõe a Política Nacional do Hidrogênio de Baixo Carbono e um regime especial de incentivos fiscais (Rehidro).

Cobrimos por aqui:

Curtas

Desmatamento na Amazônia Legal cai 22%

Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (9/11) pelas ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovações). Significa uma redução de 2.593 km², para 9.001 km², na comparação com 2022 (agosto-julho).

Evita, assim, a emissão de 133 milhões de toneladas de CO2, resultado que deixa o Brasil mais próximo de cumprir sua NDC, a meta nacional no Acordo de Paris. Pelos cálculos do Observatório do Clima, para reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa a 1,3 bilhão de toneladas em 2025, o país precisa evitar que cerca de 6 mil km2 sejam desmatados.

Mineração no fundo do mar

Em visita ao Brasil, a vice-ministra de Petróleo e Energia da Noruega, Astrid Bergmal, afirmou que espera estreitar as relações com o Brasil na exploração de minerais no fundo do mar, além do desenvolvimento das eólicas offshore e tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS).

A atividade de mineração em águas profundas é alvo de discordância entre os dois países. O Brasil é um dos mais de vinte países que manifestaram resistência à atividade, durante as negociações da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), em julho.

Neste mês de novembro, os 168 membros da ISA se reúnem novamente para retomar a discussão.

Chamada para transição

O governo da Noruega anunciou, nesta segunda (6/11), a realização da quarta chamada pública conjunta de R$ 30 milhões entre Noruega e Brasil para o financiamento de pesquisas de empresas dos dois países em energia, com foco na transição energética.

A chamada pública será a quarta parceria do tipo realizada entre os países, mas será a primeira vez que o tema da transição energética será contemplado de maneira exclusiva.

Resiliência elétrica

Os efeitos das chuvas da última sexta-feira (3/11) em São Paulo sobre o fornecimento de energia elétrica levantaram questionamentos sobre como tornar as redes de distribuição mais resilientes a efeitos climáticos extremos.

Especialistas afirmam que, apesar de não resolver toda a questão, a substituição das redes aéreas por linhas subterrâneas poderia ajudar, pois evita a queda de árvores e outros impactos sobre os cabos elétricos. Entenda: Por que é tão difícil substituir as redes de energia aéreas por subterrâneas no Brasil?

Navio a vela

A Vale anunciou nesta quarta-feira (8/11) que vai usar energia eólica para reduzir o consumo de combustível no maior navio de transporte de minérios do mundo, o Sohar Max. A embarcação tipo Valemax, com 362 metros de comprimento e 65 metros de largura, tem capacidade para 400 mil toneladas de carga.

US$ 10 bi para biocombustíveis

Em reunião com o presidente Lula (PT) representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) afirmaram que a indústria projeta investir US$ 10 bilhões em biocombustíveis nos próximos anos.

O setor conta com o cumprimento do cronograma do CNPE, aprovado no início de 2023, que prevê que a adição de biodiesel ao diesel seja elevada para 13% em 2024, 14% em 2025 e 15% em 2026.