Agendas da COP

Mundo precisa triplicar renováveis, mas a que custo?

Roteiro para transição energética recomenda atenção a grupos marginalizados

Transição energética justa: mundo precisa triplicar energias renováveis, mas a que custo? Na imagem: Turbinas eólicas para geração onshore (Foto: Matthias Böckel/Pixabay)
Em diferentes partes do mundo, a corrida por instalações de energia solar e eólica repercute problemas mais antigos, como disputas pelo uso da terra (Foto: Matthias Böckel/Pixabay)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
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O mundo precisa alinhar suas políticas energéticas aos princípios da transição justa e promover a criação de valor local, com foco na inclusão de grupos marginalizados, recomenda um roteiro publicado nesta segunda (30/10) pela presidência da COP28.

Elaborado com a Agência Internacional de Energias Renováveis ​​(Irena) e a Aliança Global de Energias Renováveis ​​(GRA), o documento traz uma série de recomendações políticas viáveis ​​para governos e setor privado sobre como aumentar a capacidade global de energia renovável para pelo menos 11 terawatts (TW) até 2030.

O foco é mostrar que é possível triplicar a energia renovável em todo o mundo e dobrar a eficiência, medidas consideradas fundamentais para limitar o aquecimento do planeta a 1,5 ºC até 2100.

É um documento preparatório para a 28° Conferência do Clima das Nações Unidas, que este ano ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro.

Evento que, além de sediado em um país cuja economia é baseada em combustíveis fósseis, terá como pano de fundo um mundo em guerra, mais quente, e ainda com sequelas de uma pandemia.

A meta

Os negociadores deste ano tentarão chegar a um consenso sobre o papel das fontes renováveis no fornecimento de energia dos próximos anos e agora contam com mais um roteiro para subsidiar a transição.

Investir em infraestruturas e operação de sistemas, aprovar políticas de incentivo e regulamentação, construir cadeias de abastecimento resilientes, alavancar o financiamento climático e melhorar a colaboração internacional são as principais recomendações. .

Mas um ponto que precisa ganhar mais atenção nas discussões é o custo da transição para as pessoas.

O custo social

Em diferentes partes do mundo, a corrida por instalações de energia solar e eólica repercute problemas mais antigos, como disputas pelo uso da terra.

Enquanto a demanda por minerais para fabricação de turbinas, painéis fotovoltaicos e baterias aquece a discussão sobre quão sustentável é a cadeia de suprimentos da transição.

Não que a indústria fóssil esteja livre desses problemas. A questão é que o mundo vai precisar de muito mais energia e consumirá cada vez mais novas tecnologias, o que aumenta a pressão sobre a forma como o mercado se desenvolve.

“Se não forem bem gerenciados, esses desalinhamentos representam riscos de resultados desiguais, o que poderia gerar dúvidas entre os formuladores de políticas e o público em relação às vantagens da transição e levar a um ambiente de política fragmentado e descoordenado”, alerta o relatório (.pdf em inglês).

Desequilíbrios na expansão eólica

No Brasil, estudo do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) em parceria com o Plano Nordeste Potência, divulgado com exclusividade pela agência epbr nesta segunda (30/10), identifica uma série de desequilíbrios em contratos de arrendamento de terras para projetos eólicos na região.

O mapeamento inédito de 50 contratos celebrados com pequenos proprietários rurais foi elaborado após denúncias sobre cláusulas que preveem baixas remunerações, períodos longos de vigência sob pena de multas elevadas e poucas contrapartidas sociais, entre outros.

Os autores do estudo reconhecem o papel das renováveis na transição energética e segurança climática, mas questionam a forma como essa expansão está ocorrendo, agravando problemas sociais entre populações muitas vezes já em situações de vulnerabilidade.

As empresas, por sua vez, afirmam seguir a prática jurídica recomendada e que os prazos atendem às necessidades dos projetos de energia. Leia a reportagem na epbr

Comunidades resistem ao boom do lítio

Na América Latina, Chile, Argentina e Bolívia são responsáveis por 68% das reservas globais de lítio, geralmente encontradas na forma de salmouras – depósitos com a maior concentração do metal, encontrados no chamado Triângulo do Lítio, na região andina dessas três nações.

E com reservas relativamente pequenas e inexploradas, o Peru é recém-chegado a este setor que tanto desperta interesse dos fabricantes de veículos elétricos.

Mas o uso intensivo de água preocupa populações locais, que dependem dela para agricultura e criação de animais, suas principais atividades econômicas, relata o Diálogo Chino.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Hydro e Macquarie formam joint venture renovável

A gestora de recursos australiana Macquarie Asset Management anunciou a aquisição de 49,9% da Hydro Rein, subsidiária de energias renováveis da companhia norueguesa de alumínio Hydro, por US$ 332 milhões (R$ 1,6 bilhão). A companhia se tornará uma joint venture entre as duas empresas, com projetos solares e eólicos no Brasil, Dinamarca e Suécia.

Investimentos noruegueses

Os investimentos de empresas norueguesas em fontes renováveis no Brasil cresceram seis vezes no biênio 2021-2022 em relação ao período anterior. Ao todo, nos últimos dois anos, os noruegueses direcionaram US$ 1,188 bilhão a fontes limpas no Brasil, com destaque para projetos de geração eólica e solar de companhias como Scatec Solar, Statkraft e Hydro.

Engie compra usinas solares da Atlas

A Engie anunciou nesta segunda-feira (30/10) a aquisição dos complexos Juazeiro, São Pedro, Sol do Futuro, Sertão Solar e Lar do Sol, localizados em Bahia, Ceará e Minas Gerais. Juntos, eles somam uma capacidade instalada de 545 MWac. O investimento de R$ 3,24 bilhões faz parte da estratégia da Engie de expandir sua presença no mercado de energia renovável no Brasil.

Petrobras vende termelétrica

A Petrobras anunciou na sexta-feira (27/10) que deu início à fase vinculante da venda da termelétrica a gás natural Araucária (484 MW), no Paraná. A estatal tem 18,8% de participação na usina, em sociedade com a Copel (20,3%) e a Copel GT (60,9%). As empresas estão vendendo 100% do empreendimento.