O vice-presidente Institucional e Regulatório da Delta Energia, Luiz Fernando Vianna, é a favor da adoção de um cronograma de abertura do mercado livre de energia como instrumento para acelerar as mudanças no setor.
”Tem defensores do mercado livre que defendem da seguinte forma: ‘vamos resolver todos os problemas antes de abrir o mercado’. Nós estamos fazendo isso há 29 anos, e não vai acontecer. Se não tivermos um cronograma para abrir o mercado, e a partir desse cronograma, tratar as questões que envolvem o futuro mercado, não vai acontecer nunca”.
O executivo também cobra celeridade na aprovação da regulação do setor: “Esse mercado vai acontecer, seja com esse PL [414] seja com uma medida provisória, eu acredito muito na abertura do mercado, e esperamos que aconteça o quanto antes”, declarou à agência epbr.
Para Vianna, a abertura do mercado de telefonia é um grande exemplo que deve ser seguido pelo setor de energia. “Ele cresceu e superou todas as dificuldades que muitos acreditavam que não ia dar certo”. Como vantagens após a abertura, destaca a queda do preço com a competitividade e, em segundo lugar, a previsibilidade, visto que hoje, com o sistema de autogeração, o cliente não sabe qual será a conta no final do mês.
Entre as medidas para preparar para o novo mercado, a Delta investiu em uma empresa varejista fornecedora de energia para pequenos consumidores, a LUZ, com a qual está aprendendo sobre o uso de determinadas tecnologias que serão utilizadas no mercado livre.
A empresa começou a operar em 2022 na geração distribuída. Para Vianna, essa acaba sendo uma alternativa que o consumidor dispõe, atualmente, para escolher o seu fornecedor: “É a maneira que o mercado encontra de fazer o que em 28 anos não se conseguiu fazer, fornecer liberdade de escolha para o consumidor”.
Apesar de atuar na geração distribuída, o objetivo com a LUZ é mirar o mercado livre: “A GD, para nós, está sendo um aprendizado para o mercado livre. Nós não acreditamos que a GD venha a substituir o mercado livre. Esse aprendizado no tripé de recursos humanos, tecnologia e marketing nós estamos aprendendo com o GD, mas a nossa finalidade não é o GD, é o mercado livre”.
“Entendemos que essas decisões têm que ser tomadas, em relação ao mercado livre, pelo Congresso Nacional e pelo governo, através do Ministério de Minas e Energia, que elas aconteçam no menor prazo possível, lembrando que talvez se ela tivesse acontecido a um tempo atrás essa questão da GD não teria avançado tanto”, avalia.
Uso de gás da Bolívia
O VP da Delta comentou que a empresa tem um contrato de gás intermitente com a Bolívia para a usina térmica William Arjona (190 MW), localizada em Campo Grande (MS), mas conversa com outros fornecedores: “Como a gente ganhou com essa usina o leilão de capacidade, para fornecer potência e confiabilidade para o sistema após 1 julho de 2026, em um contrato de 15 anos, uma das possibilidades para firmar um contrato de fornecimento é a Bolívia, mas estamos em conversas com Petrobras, Shell, outros fornecedores também”.
Para Vianna, as usinas térmicas não são um problema para a transição energética. “Nós temos a térmica de William Arjona, e como ela tem contrato, vai ficar por 15 anos no setor. Não temos planos de construir novas unidades térmicas, mas se aparecer uma oportunidade pode ser que a gente venha a construir”, afirma.
“Nós entendemos que isso dentro do universo de geração de energia elétrica é tão ínfimo, que a questão da transição [energética] não fica comprometida. Lembrando que o gás é o combustível da transição, então estamos bem enquadrados na transição”, completa.
A empresa também estuda o uso de gás boliviano em um braço de comercialização: “Temos até um excedente de gás lá, de 2021, quando a gente gerou bastante com a usina, então a gente pretende usar esse gás no braço de comercialização, para fornecer para consumidores”, conclui.