A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vê o pico de demanda por petróleo como um cenário ainda distante. O cartel elevou as suas projeções de longo prazo e estima, agora, que o consumo global atingirá os 116 milhões de barris por dia em 2045 – 6 milhões de barris/dia a mais do que o previsto no ano passado pelo grupo.
A organização prevê que serão necessários US$ 14 trilhões em investimentos em petróleo até 2045 para garantir a oferta da commodity.
O aumento esperado na demanda, segundo a Opep, será de 16,4 milhões de barris/dia entre 2022 e 2045 – puxado, sobretudo, pelas economias da Índia e China, num contraste com o declínio esperado do consumo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A curva mais acentuada desse crescimento do mercado global se dará nos próximos anos: o consumo da commodity, prevê a organização, deverá crescer 10,6 milhões de barris/dia até 2028, para 110,2 milhões de barris/dia.
É uma visão diferente da compartilhada pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). O diretor-executivo da instituição, Fatih Birol, disse em setembro que o mundo está no “começo do fim” da era dos fósseis e que o consumo global de carvão, petróleo e gás natural pode atingir o pico antes de 2030.
Opep ainda vê força no setor de transporte
Em particular no setor de transporte, a IEA estima que o uso dos derivados deve entrar em declínio já a partir de 2026.
A Opep, por sua vez, prevê que o setor de transporte rodoviário será o responsável pelo maior aumento da procura por petróleo até 2045 (com uma alta estimada de 4,6 milhões de barris/dia), seguido da indústria petroquímica (4,3 milhões de barris/dia).
O relatório divulgado pelo cartel cita que a procura de petróleo no transporte rodoviário continuará a se expandir nesta década, aumentando em 4,3 milhões de barris/dia até 2030, antes de se estabilizar em níveis acima de 49 milhões de barris/dia até 2045.
Nível de investimento preocupa
A organização prevê que serão necessários US$ 14 trilhões em investimentos em petróleo até 2045 para garantir a oferta da commodity. São cerca de US$ 610 bilhões em média por ano.
“O resultado é que não existe uma forma crível de enfrentar todos os desafios que temos pela frente sem utilizar todas as fontes de energia disponíveis, todas as tecnologias relevantes e sem ter a estabilidade do mercado energético como pedra angular para os enormes investimentos necessários”, afirmou o secretário-geral da Opep, Haitham Al Ghais.
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De acordo com a mensagem escrita por Al Ghais, no relatório divulgado pela Opep, os apelos para parar os investimentos em novos projetos petrolíferos são “equivocados e podem levar ao caos energético e econômico”.