Energia

Bolsa de energia elétrica europeia lança balcão de comercialização no Brasil 

Batizada de N5X, bolsa vai intermediar a comercialização de energia elétrica e permitir a negociação de instrumentos financeiros baseados no setor de energia, como derivativos. 

Bolsa de energia elétrica da Europa lança balcão de comercialização no Brasil, batizado N5X. Na imagem: Dri Barbosa, CEO da N5X (Foto: Cauê Diniz/Divulgação B3)
CEO da N5X, Dri Barbosa (Foto: Cauê Diniz/Divulgação B3)

Uma parceria entre a Nodal Brazil, do grupo European Energy Exchange (EEX), e o fundo L4 Venture Builder, apoiado pela B3, vai lançar uma bolsa para negociação de contratos de energia elétrica no mercado livre brasileiro em 2024.

A proposta da bolsa, batizada de N5X, é intermediar a comercialização de energia elétrica e permitir a negociação de instrumentos financeiros baseados no setor de energia, como derivativos.

Além da compra e venda de energia elétrica, a ideia da plataforma é permitir a criação de novos instrumentos financeiros no setor de energia, como papéis de proteção dos consumidores, para estratégias de hedge.

“Existe muita oportunidade para novos produtos e serviços. Queremos elevar a negociação de energia no Brasil à sua máxima potência. O Brasil já é um mercado relevante, mas ainda não tem os mesmos mecanismos e instrumentos de outros países”, afirma a CEO da N5X, Dri Barbosa.

Bolsa promete mais liquidez e segurança

A N5X vai começar a operar em 2024, em princípio apenas para negociações bilaterais, enquanto aguarda os trâmites regulatórios para a negociação de derivativos. O lançamento marca a entrada no Brasil do grupo EEX, que opera a bolsa europeia de energia. O balcão europeu negocia contratos de eletricidade, gás natural e certificados de energia renovável, além de produtos agrícolas.

O Brasil já tem balcões de energia elétrica, como o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE). Hoje, no entanto, apenas 30% do volume negociado no mercado livre ocorre por meio de plataformas. O restante é negociado diretamente entre o gerador ou a comercializadora e o consumidor.

Barbosa lembra que o mercado livre brasileiro já sofreu incertezas com a quebra de comercializadoras que não conseguiram honrar contratos. Para a executiva, as negociações em bolsa trazem mais segurança e liquidez para as transações no mercado livre, dado que elimina a necessidade de análises de risco de crédito a cada nova operação.

“Hoje, o mercado de energia brasileiro não tem uma contraparte central, que é muito importante para garantir as posições e aumentar a liquidez. Isso tira uma trava do mercado”, diz.

Negociação de créditos de carbono

A CEO afirma que o potencial de negócios no país é grande, dado que o Brasil é o sexto maior mercado consumidor de energia elétrica do mundo e o sétimo maior gerador, com uma capacidade instalada de mais de 190 gigawatts (GW) até o final de 2022. A abertura do mercado livre a todos os consumidores do grupo A em janeiro de 2024 tem potencial para ampliar o volume de negócios.

“Isso mostra que existe um potencial grande de se trazer mais liquidez e volume de negociação para esse mercado”, diz.

Segundo Barbosa, a bolsa pode ser expandida no futuro para a negociação de outros ativos de interesse dos agentes do setor, como créditos de carbono. A bolsa europeia de energia, a EEX, que tem uma participação na N5X, já negocia instrumentos relacionados a soluções ambientais, como créditos de descarbonização.