Energia

Preços de energia elétrica subiram com onda de calor, parada em Angra 2 e restrições de transmissão, diz ONS

Presidente do órgão, Luiz Carlos Ciocchi, diz que variações são normais e que transmissão vai ser normalizada nos próximos meses

Vista geral das usinas nucleares Angra 1 e 2 em Angra dos Reis, 250 km ao sul do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)
Complexo nuclear de Angra 1 e 2, 250 km ao sul do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

A combinação entre o calor atípico no Brasil na última semana, a parada para manutenção na usina nuclear de Angra 2 e as restrições de transmissão adotadas depois do apagão de agosto levaram ao acionamento de usinas térmicas para atender a demanda de energia elétrica no pico e geraram impactos nos preços, segundo o presidente do Operado Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.

A parada programa em Angra 2 começou na última segunda-feira (25/9) e deve durar 30 dias. Durante esse período, a usina não vai gerar energia e fica desconectada do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Esta semana, o preço de liquidação das diferenças (PLD), usado para negociar energia elétrica no mercado livre, teve um forte aumento, depois de ficar um ano no patamar mínimo. O PLD passou do piso de R$ 69,04/MWh para o teto de R$ 620,95/MWh nesta quinta-feira (28/9), segundo a Câmara Comercializadora de Energia Elétrica (CCEE).

“Esse é o normal. É o mercado. A exceção é o que se vinha vivendo, com zero absoluto [nos preços], mas o normal é esse mesmo”, disse a jornalistas durante a posse do novo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Prado, na manhã desta sexta (29/9).

O presidente do ONS destacou ainda que a transmissão de energia entre as regiões Nordeste e Sudeste vai ser normalizada nos próximos meses. As restrições foram adotadas depois do apagão que afetou 30 milhões de pessoas em 15 de agosto. Parte do limite já foi aliviada esta semana.

Chuvas vão aliviar a pressão sobre preços

“Nos dias subsequentes à ocorrência, tivemos que trabalhar num nível se segurança muito maior, mas agora já sabemos o que aconteceu e fizemos alguns ajustes. À medida que se for descobrindo e as coisas melhorando, vai aumentar mais”, disse.

Ciocchi esclareceu que não existe um problema de geração de energia no país e que o acionamento das térmicas visou atender somente aos momentos de pico de demanda.

“Os reservatórios estão bem, vamos entrar na estação chuvosa numa situação bem melhor que entrou em anos anteriores”, afirmou.

O executivo acrescentou ainda que o ONS está atento às previsões sobre o clima para atender ao aumento da demanda esperada no verão. A elevação das temperaturas leva ao maior uso de aparelhos de ar-condicionado, o que aumenta a demanda por energia elétrica.

“Tem muita gente esperando um verão muito quente, mas o quão diferente vai ser dos outros verões que vivemos não sabemos. Acompanhamos no curto prazo”, afirmou.

O Brasil vive uma onda de calor este mês, devido a um bloqueio atmosférico. O país teve o inverno mais quente este ano desde 1961, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

“Mas estamos diante do El Niño, que traz incertezas”, acrescentou.

A respeito da seca que atinge o Norte do país, Ciocchi afirmou que não há preocupação com o efeito sobre as hidrelétricas, pois a menor geração na região já é esperada nesse período.