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AES e Senai formam primeira turma de mulheres especialistas em operação eólica no RN

Especialização qualificou 73 mulheres para atender a demanda da atividade em expansão no país e no estado

AES e SENAI formam primeiras especialistas no RN em eólicas (Foto: Tiago Lima)
Primeira turma de mulheres especialistas em operação e manutenção eólica do RN, formadas pela AES e Senai (Foto: Tiago Lima)

A AES Brasil e o Senai-RN formam, nesta quinta (24/8), as primeiras especialistas no Rio Grande do Norte em manutenção e operação de parques eólicos. A especialização reuniu 73 mulheres e é considerada um marco para a indústria e para a participação feminina no estado, líder nacional do setor.

Segundo as instituições envolvidas, o objetivo do projeto foi ampliar a disponibilidade de profissionais qualificadas para atender a demanda da atividade, em curva de expansão no país.

Depois de formadas, as especialistas participarão do processo de seleção para compor a equipe do Complexo Eólico Cajuína, que a AES Brasil está implantando na região do Sertão Central Cabugi, entre os municípios potiguares de Lajes, Angicos, Fernando Pedroza e Pedro Avelino.

Concluída em agosto, a Especialização Técnica em Manutenção e Operação de Parques Eólicos exclusiva para mulheres teve 460 horas – o equivalente a aproximadamente seis meses – e foi oferecida de forma gratuita, com aulas online (ao vivo) e um encontro presencial.

Rodrigo Porto, diretor de Recursos Humanos, Gestão e Serviços Compartilhados na AES Brasil, conta que a iniciativa é parte da política da empresa para promover diversidade e a igualdade de gênero no setor.

Seus complexos eólicos Cajuína (RN) e Tucano (Bahia) são 100% operados por mulheres.

Educação para a diversidade

Levantamento da consultoria global Great Place to Work (GPTW) mostra que, nas empresas de energia eleitas as melhores para trabalhar em 2023, apenas 18% dos cargos são preenchidos por mulheres, contra 82% ocupados por homens.

A pesquisa reflete o panorama global de desequilíbrio de gênero nos postos de trabalho do setor, no qual apenas 16% das vagas tradicionais na área de energia são ocupadas por mulheres; em renováveis, o cenário melhora para 32%. Os dados são da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

A educação é um primeiro passo para mudar esse cenário.

Amora Vieira, diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), o centro do Senai à frente da iniciativa, explica que o programa está alinhado às estratégias da AES e do Senai-RN com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para oferta de educação de qualidade, redução das desigualdades e igualdade de gênero.

Também está inserido em esforços relacionados ao Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem as duas instituições como signatárias.

“A gente traz, com esse projeto, uma conexão com o que temos trabalhado firmemente, o intensificar ações voltadas para a inserção das mulheres nas profissões tecnológicas”.

Na avaliação de Amora, a especialização abre importantes perspectivas para as mulheres que estão se formando.

“Todas são originárias de uma formação técnica e agora com especialização há um sentimento de que potencializam o currículo, a formação, para ingressar em carreiras dentro de empresas da área de energia”, diz.

O curso contou com a participação de mulheres com formação inicial em eletrotécnica, mecânica e segurança do trabalho. O processo seletivo recebeu aproximadamente 600 currículos e, devido ao alto nível das candidatas, o número de vagas, que seria originalmente 60, acabou ampliado.

As participantes têm entre 19 e 57 anos e são oriundas de 17 municípios do Rio Grande do Norte, incluindo Natal, Parnamirim, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Lajes, Macaíba, Angicos, Assu, Caicó, Canguaretama, Ceará-Mirim, Cerro Corá, Extremoz, João Câmara, Nísia Floresta, Patu e Serra do Mel.

Noções de Projetos de Redes de Distribuição, Montagem e Manutenção de Rede de Distribuição, Operação de Equipamentos e Dispositivos de Redes de Distribuição, Subestações, Desenvolvimento de Pessoas, Indústria 4.0, Máquinas elétricas, Fundamentos e Aplicações da energia eólica, Planejamento e controle da manutenção e Segurança do trabalho estão entre as disciplinas cursadas.

AES Brasil e o Senai-RN formam primeira turma de mulheres especialistas em operação eólica no Rio Grande do Norte. Na imagem: Complexo Eólico de Tucano, na Bahia, da AES Brasil, operado exclusivamente por mulheres (Foto: Divulgação)
Complexo Eólico de Tucano, na Bahia, da AES Brasil. Empreendimento é operado exclusivamente por mulheres (Foto: Divulgação AES Brasil)

Novos mercados

O Rio Grande do Norte é uma região estratégica para os negócios da AES Brasil, onde a companhia possui dois Complexos Eólicos já operando: Salinas, na região do município de Areia Branca; e Ventus, na região de Galinhos e Macau.

Em 2022, a companhia iniciou a construção do seu terceiro empreendimento no estado, o Complexo Eólico Cajuína, que poderá chegar a uma capacidade instalada total de 1,4 GW, dos quais 684 MW estão em fase final de construção, com início da operação previsto para o segundo semestre de 2023.

A eletricidade já foi adquirida por empresas como Unipar e a BRF, que fecharam acordos de autoprodução de energia.

Para Rodrigo Mello, diretor do Senai-RN e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), em um cenário de expansão da atividade no onshore e em que novas perspectivas se abrem no Brasil com o offshore, iniciativas como esta ajudam a melhorar as oportunidades de atuação profissional e com melhores remunerações para as mulheres.

“O setor de energias renováveis é uma das principais forças do PIB do Rio Grande do Norte e promover o acesso à educação de qualidade para impulsionar o crescimento sustentado da indústria e a diversidade de pessoas nesse processo é crucial”, defende.