Energia Eólica

Leilões por fonte podem alavancar indústria eólica offshore no Brasil, diz CEO da Abeeólica

Elbia Gannoum explica que licitações funcionam como incentivos quando consideram particularidades de cada fonte de geração

Leilões por fonte levam e conta particularidades e podem alavancar indústria de eólicas offshore no Brasil, diz CEO da Abeeólica. Na imagem: Captura de tela da participação de Elbia Gannoum, CEO da Abeeólica, durante entrevista aos Diálogos da Transição 2023, evento virtual da agência epbr
Elbia Gannoum, CEO da Abeeólica, fala sobre as políticas de desenvolvimento da eólica offshore durante o Diálogos da Transição 2023

BRASÍLIA – Os leilões de contratação de energia por fonte são mais eficazes para alavancar o crescimento da indústria de eólicas offshore no Brasil, defendeu Elbia Gannoum, CEO da Abeeólica, nesta segunda (14/8), durante os Diálogos da Transição 2023, evento virtual promovido pela agência epbr.

“O Brasil passou a fazer leilões por fonte e, desde então, não faz sentido falar em subsídios como o Proinfa”, disse Gannoum, sobre os novos incentivos para o setor.

Ela comparou o modelo brasileiro de licitações por fonte com o Proinfa, iniciativa criada em 2002 para impulsionar o desenvolvimento da geração limpa. Com a primeira abordagem, a indústria disputa no mercado com outras fontes de energia, tornando os preços mais competitivos.

”Se você comparar os preços de outras fontes renováveis, como solar e eólica onshore, a offshore hoje é pouco competitiva, mas Brasil não pode olhar apenas o curto prazo.”

Segundo a CEO, os certames funcionam como incentivo desde que sejam consideradas as particularidades de cada fonte energética, assim como o seu desempenho ao longo do tempo.

“Os leilões precisam respeitar a característica técnica e econômica de cada fonte. Eles precisam respeitar o momento da tecnologia, que tipo de escala ela está tendo e qual é a perspectiva futura dela”, explicou.

Gannoum disse ainda que o modelo adotado pelo Brasil é um exemplo para outras nações pois estabelece preços adequados e impulsiona a redução de custos.

“O mundo inteiro copia o modelo do Brasil porque é a forma de trazer as tecnologias, precificá-las adequadamente, e promover uma redução de custos ao longo do tempo”, afirmou.

O diretor da Corio Generation Brasil, Ricardo de Luca, destacou que o governo precisa determinar um plano específico de leilão de reserva para desenvolver a indústria e destravar projetos no país.

“O mais importante é ter um alvo do governo dizendo o quanto precisamos contratar nos próximos anos para consolidar a indústria […] O primeiro passo seria um leilão de reserva para destravar projetos e ter a curva de custos decrescendo com o tempo”, sugeriu.

Marco legal

Mais de 70 iniciativas de energia eólica offshore no Brasil estão com pedidos de licenciamento no Ibama, totalizando uma capacidade de 189 GW. No entanto, o setor ainda aguarda a aprovação de um marco legal para guiar e estimular os investimentos no país.

No Congresso, tramita o projeto de lei 576/2021, de autoria do atual presidente da Petrobras e ex-senador, Jean Paul Prates. O texto para a definição da concessão de áreas, determinação das taxas de outorga e critérios a serem seguidos para a realização dos leilões está sob avaliação da Câmara dos Deputados.

Já na agenda da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o tema está previsto para o primeiro semestre de 2024.

A CEO da Abeeólica acredita que há sinalização positiva por parte do Executivo e Legislativo para tratar de questões envolvendo energias renováveis, incluindo a geração offshore.

“A discussão sobre eólicas offshore não é mais setorial, discutimos na Casa Civil, Fazenda, MMA, MDIC e MME […] Com essas coordenações do Poder Executivo, entendemos que a pauta vai avançar. Além disso, o legislativo está muito disposto a discutir investimentos em renováveis”, comentou Gannoum.

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