Gás Natural

Preço do gás natural deve ser determinado pela livre oferta, diz vice-presidente da Equinor

Claudia Brun afirmou que possíveis medidas intervencionistas causam preocupação e podem inviabilizar nova oferta de gás

Preço do gás natural no Brasil deve ser determinado pela livre oferta de mercado, diz vice-presidente da Equinor. Na imagem: Cláudia Bruna, vice-presidente da Equinor no Brasil, em entrevista ao estúdio epbr durante a Rio Pipeline 2023 (Foto: Victor Cury/epbr)
Cláudia Bruna, vice-presidente da Equinor no Brasil, em entrevista ao estúdio epbr durante a Rio Pipeline 2023 (Foto: Victor Cury/epbr)

É importante que os preços do gás natural sejam determinados pelo livre mercado para garantir a expansão da oferta nos próximos anos, afirmou nesta terça-feira (8) a vice-presidente da Equinor do Brasil, Claudia Brun, em entrevista ao estúdio epbr na Rio Pipeline 2023 (veja a íntegra acima).

“É importante que a gente garanta e mantenha essa previsibilidade, consistência e segurança jurídica de regras para que os preços do gás sejam determinados pela livre oferta, pela oferta e demanda. Na medida em que a gente vê possíveis medidas intervencionistas, isso nos causa muita preocupação, porque isso pode inviabilizar a nova oferta de gás que tanto se busca”, disse a executiva.

A petroleira norueguesa opera a área do BM-C-33, na Bacia de Campos, onde está a descoberta de Pão de Açúcar, que deve produzir 16 milhões de m³/dia de gás natural a partir de 2028.

Equinor (35%), a operadora, e suas sócias Repsol Sinopec (35%) e Petrobras (30%) tentam tirar o projeto do papel há anos. A declaração de comercialidade do BM-C-33 estava prevista inicialmente para 2017, mas foi postergada por falta de um mercado.

A esperada queda no fornecimento de gás boliviano nos próximos anos também foi um dos fatores considerados na avaliação do BM-C-33, já que vai ser uma oportunidade para produtores de gás no Brasil como a Equinor.

Mudanças regulatórias

Claudia Brun defendeu o avanço da agenda regulatória do setor capitaneada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). De acordo com a executiva, um dos pontos mais importantes é a distribuição dos riscos ao longo dos diferentes atores da cadeia de gás.

“Eu acho que (precisa ter) uma alocação melhor de riscos ao longo da cadeia. Eu acho que tem que rever um pouco isso. Hoje, vejo os produtores tendo que arcar com uma parcela muito relevante da alocação de risco, seja na contratação do transporte, seja na contratação do acesso negociado às infraestruturas essenciais, como o escoamento e o processamento. Portanto, o perfil de risco ao longo da cadeia é enorme. Existe discussão sobre quanto custa, o quanto que não custa, mas há pouca discussão com relação a risco.”

Outra mudança necessária, segundo ela, é a harmonização das regras entre os estados.

“Hoje a complexidade para a gente poder navegar e entender cada estado, cada regra, como que a gente tá cumprindo com as regras, é muito difícil para uma empresa como a nossa – e óleo e gás é o nosso arroz com feijão. Imagina os industriais que tão aí avaliando se eles migram para serem consumidores livres ou não. E que, de modo geral, o gás natural não é o dia a dia deles. Eles estão comprando energia elétrica, comprando gás, papel. E aí entender e navegar essa complexidade é um desafio muito grande.”

Acompanhe a cobertura completa da Rio Pipeline 2023 aqui pelo site epbr e pelo estúdio epbr no Youtube