Biocombustíveis

GOL comprará créditos de aéreas que usam combustível sustentável

Como Brasil ainda não tem uma cadeia produtiva de SAF, companhia aérea fará compensação pelo sistema Book & Claim que permite comprar créditos de carbono de outras empresas

GOL anuncia iniciativa piloto de compensação de combustível sustentável de aviação (SAF). Na imagem: Aeronave Boeing 737 MAX, da GOL (Foto: Divulgação GOL)
Aeronave Boeing 737 MAX, da GOL (Foto: Divulgação GOL)

BRASÍLIA – A GOL Linhas Aéreas iniciará em setembro uma operação piloto de compensação de combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) por meio do sistema book & claim, que permite que uma empresa adquira créditos de carbono gerados por outra organização que já utiliza a energia renovável.

No caso do SAF, como o Brasil ainda não tem uma cadeia produtiva, a companhia aérea reivindicará o uso de determinada quantidade de combustível sustentável a outra companhia aérea e receberá os créditos de carbono advindos dessa compensação.

A operação será feita com a Vibra, através da plataforma RSB (Roundtable on Sustainable Biomaterials).

“Para chegarmos à meta de descarbonização do setor em 2050, temos de começar agora. Dentre os pilares seguidos pela GOL para atingir o balanço líquido zero de carbono, a utilização de SAF é o mais urgente, representando 64% do conjunto de iniciativas”, explica Eduardo Calderon, diretor do Centro de Controle Operacional e Engenharia da GOL.

Em 2021, a companhia aérea brasileira se comprometeu com o balanço líquido zero de carbono até 2050.

A estratégia é apoiada em quatro pilares: aeronaves tecnologicamente mais avançadas com menor consumo de combustível e emissão de CO2 (15%); otimização do espaço aéreo e das operações em solo (3%), uso de SAF (64%) e compensação voluntária de carbono pelos clientes (18%).

À espera de um marco legal

Para poder usar o SAF, de fato, ao invés de comprar créditos, a empresa indica que o mais importante desafio hoje é a definição de um marco regulatório no Brasil que incentive o estabelecimento de uma cadeia de fornecimento.

“As políticas públicas serão as impulsionadoras dessa produção, sem gerar distorções mercadológicas, garantindo previsibilidade e estabilidade de mercado para os produtores, assim como uma proteção ao consumidor final de não pagar qualquer preço pelo biocombustível”, afirma em nota.

O tema está previsto para entrar na agenda do Congresso neste segundo semestre com o o projeto de lei do Executivo do programa Combustível do Futuro.

A proposta do governo está na Casa Civil, e deve ser apresentada oficialmente ao Congresso Nacional em agosto, com uma proposta de mandato de redução das emissões de CO2 em 1%, no mínimo, aos operadores aéreos.

O mandato passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2027, em voos domésticos, e a redução precisará ser alcançada com uso de SAF misturado ao querosene fóssil.