Biocombustíveis

Produção global de biocombustíveis precisa acelerar para net zero

Fornecimento de matérias-primas sustentáveis é suficiente para triplicar a produção de biocombustíveis até 2030, diz IEA

Produção global de biocombustíveis precisa avançar, aponta IEA. Na imagem: Vista aérea das instalações e tanques de armazenamento na usina de etanol de milho da FS, em Sorriso, no Mato Grosso (Foto: Divulgação FS Bioenergia)
Usina de etanol de milho da FS, em Sorriso, no Mato Grosso (Foto: Divulgação FS Bioenergia)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
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Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) aponta que a produção sustentável de biocombustíveis precisa triplicar até 2030 para colocar o mundo na trajetória de emissões líquidas zero.

Mas, com base nas políticas atuais, a agência calcula que o crescimento global até 2028 ocorrerá em menos da metade da taxa necessária.

Na semana passada, Brasil, Índia e Estados Unidos lançaram oficialmente a Aliança Global de Biocombustíveis, iniciativa proposta pelo país asiático para unir governos e empresas em um movimento para expandir esse mercado.

Em 2022, os biocombustíveis líquidos evitaram o consumo de cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia no setor de transportes, mais de 4% da demanda global do setor.

Além de ajudar a garantir o abastecimento frente às oscilações do petróleo, a IEA indica que os renováveis são compatíveis com a infraestrutura existente, sem demandar novos investimentos em infraestrutura para transição energética – como no caso da eletrificação.

Mas o problema da superconcentração de oferta observado em outros segmentos se repete aqui.

Mais de 80% da produção global está concentrada em apenas quatro mercados: Estados Unidos, Brasil, Europa e Indonésia e eles respondem por apenas metade da demanda global de combustível para transporte.

Até 2028, a IEA calcula que essa participação cairá para quase 40%. “A expansão de biocombustíveis sustentáveis exigirá, portanto, o desenvolvimento de novos mercados e maior uso nos existentes”, diz o relatório.

Os destaques do relatório

  • Brasil, Índia e Estados Unidos implantaram políticas que sustentaram taxas de crescimento anual acima de 20% por, pelo menos, cinco anos.
  • Como resultado, os biocombustíveis forneceram 22% da energia de transporte do Brasil e 7% da energia dos Estados Unidos em 2022.
  • Na Índia, a participação do etanol em veículos leves atingiu 6% em 2022, o dobro dos níveis de 2019.
  • O fornecimento de matérias-primas sustentáveis é suficiente para triplicar a produção de biocombustíveis até 2030.
  • Os biocombustíveis avançados feitos de resíduos poderiam suportar 2,4 milhões de barris por dia adicionais até 2030, mais do que a produção total de biocombustíveis em 2022. Para isso, seria preciso aumentar 15 vezes a capacidade atual.

Etanol na eletrificação

Os biocombustíveis também são caminho para a eletrificação mais “rápida e equilibrada”, pelo menos no Brasil, acredita a montadora franco-ítalo-americana Stellantis.

Em entrevista à agência epbr, o vice-presidente de Assuntos Regulatórios na América do Sul, João Irineu Medeiros, explica que a escolha da Stellantis pelo etanol no curto prazo é impulsionada pela abrangência das frotas de veículos flex fuel – que utilizam tanto o biocombustível quanto gasolina –  e pelo aproveitamento das linhas de produção.

“Quanto maior for o mix de uso do etanol, maior vai ser a descarbonização realizada no curto prazo porque a tecnologia já está em campo, com mais de 85% dos veículos que circulam hoje na frota brasileira”, comenta o executivo.

“Ou seja, não precisamos pegar as linhas de produção que temos hoje e transformar para veículos 100% elétricos”, completa.

Enquanto a Europa segue a rota da eletrificação, no Brasil, e no hemisfério Sul, a Stellantis, que reúne as marcas Fiat Chrysler, Peugeot e Citroën, acredita ser possível seguir outra direção.

Recentemente, a montadora anunciou que vai lançar no Brasil, até 2024, três modelos de veículos com motores híbridos-flex e um totalmente a etanol.

A companhia fez um estudo comparando as diferentes rotas de descarbonização para veículos leves e concluiu que o ciclo completo de um carro totalmente elétrico à bateria emite praticamente o mesmo tanto que um carro 100% a etanol.

“Na produção de um carro elétrico, metade da emissão de CO2 é da produção da bateria”, conta Medeiros. Leia a entrevista completa na epbr

Cobrimos por aqui:

Curtas

GT para descarbonizar os portos

A transição energética do transporte marítimo vai demandar portos adaptados para formar corredores verdes de abastecimento com combustíveis sustentáveis para os navios. Entretanto, um pré-levantamento realizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil aponta que somente dois estão construindo essas estruturas, com objetivo de receber embarcações movidas a biometano, amônia, biogás e hidrogênio verde.

Lítio verde

A Sigma Lithium, empresa canadense que opera desde abril na exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, anunciou, nesta quinta-feira (27/7), o primeiro embarque do mineral rumo à China.

Segundo a Sigma, este será o primeiro “lítio verde do mundo”, uma vez que sua produção conta com  “zero carbono, zero rejeitos, zero químicos nocivos”, com uso de energia exclusivamente renovável e 100% de água reutilizada.

Diversidade na Petrobras

Márcia Cristina Andrade assume gerência geral da Recap, em São Paulo. Na Petrobras desde 2006. engenheira é a primeira mulher negra a conquistar o cargo em uma refinaria brasileira, em quase 70 anos.

Eletrificando

Sete dos principais fabricantes de veículos do mundo – BMW Group, General Motors, Honda, Hyundai, Kia, Mercedes-Benz Group e Stellantis NV – estão formando uma joint venture para desenvolver uma rede de carregamento de veículos elétricos na América do Norte. O plano é instalar pelo menos 30 mil pontos de carga de alta potência em locais urbanos e em rodovias dos EUA e do Canadá.

Julho será o mês mais quente registrado na história

Estudo alemão prevê que o aumento da temperatura média do planeta atingirá entre 1,3°C e 1,7°C em julho de 2023, estabelecendo um novo recorde mundial. Registro coincide com a chegada do El Niño, fenômeno climático que eleva as temperaturas da superfície das águas do Oceano Pacífico.

Solar domina leilão de energia renovável da Argentina

Fonte apresentou os preços mais baixos e garantiu 79% dos 634 MW de capacidade contratados na licitação. Veja a lista