Energia solar

Passo a passo: Como aderir à geração distribuída de energia

Queda do preço dos painéis solares e o aumento das tarifas das distribuidoras contribui para popularizar o modelo no país

Passo a passo: Saiba como aderir à geração distribuída de energia. Na imagem: Técnico instala painéis solares fotovoltaicos sobre telhado residencial
Painéis solares fotovoltaicos em telhado residencial: saiba como aderir à geração distribuída

RIO – A geração distribuída permite aos consumidores gerarem a própria energia elétrica. Com a redução dos custos dos sistemas de geração solar fotovoltaica e o aumento das tarifas das distribuidoras, esse modelo tem se popularizado no país.

No Brasil, 98,8% da potência instalada em sistemas de microgeração e minigeração distribuída – que atendem a consumidores de baixa potência, como residências e pequenos comércios – são da fonte solar fotovoltaica. Na prática, o cliente passa a gerar energia, que vira um crédito que é descontado na conta de luz.

Com atuação local, as empresas especializadas na engenharia e instalação de sistemas residenciais, as integradoras, se multiplicaram pelo país nos últimos anos.

A agência epbr responde às principais dúvidas dos clientes que querem conhecer melhor essa opção.

  • Vale a pena investir na geração distribuída?
  • Quais são os passos para aderir?
  • Quanto custa?
  • Como obter financiamento?
  • No que devo prestar atenção?
  • Como é feita a instalação?
  • Vou me livrar de vez da conta de luz?
  • Não tenho local para instalar o sistema. O que faço?

Vale a pena investir na geração distribuída?

Em geral, os sistemas de geração própria de energia solar fotovoltaica trazem economia em todo o Brasil, devido ao bom nível de insolação do país. Essa economia, no entanto, ocorre em longo prazo, já que o investimento inicial para instalar o próprio sistema é alto.

O que varia é o tempo de retorno do investimento. As variações ocorrem de acordo com a região, o nível de consumo e a tarifa da distribuidora local, além dos incentivos fiscais oferecidos por cada estado.

Em áreas onde as cobranças das concessionárias de distribuição são mais caras, o investimento costuma se pagar mais rápido. O mesmo ocorre com o volume: quanto mais energia aquele cliente consome, mais rápido o retorno.

De acordo com a vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bárbara Rubim, entre os estados com menor tempo de retorno do investimento estão:

  • Rio de Janeiro
  • Minas Gerais
  • Piauí
  • Goiás
  • Mato Grosso

Há simuladores na internet que estimam o desconto por cliente de acordo com a tarifa da distribuidora local. Várias empresas têm sistemas disponíveis online, como os das consultorias Clean Energy Latin AmericaGreener.

Importante ressaltar que os dados desses simuladores são estimativas e devem servir apenas como indicativo dos possíveis ganhos.

Quais são os passos para aderir à geração distribuída?

Primeiro, é necessário analisar a conta de luz para ter uma noção do comportamento de consumo. A partir daí, será possível dimensionar o tamanho do sistema necessário para atender à demanda.

Além disso, pela localização, é possível também estimar o nível de insolação da região, para a escolha do projeto. Essa análise é feita pela empresa integradora, que será responsável também pela instalação do sistema.

A integradora deve, ainda, realizar uma análise para verificar se o local escolhido tem capacidade para receber os equipamentos e estimar a complexidade do projeto.

Com o dimensionamento das placas, é possível estimar o custo de investimento a ser feito e decidir se será necessário optar por um financiamento ou se é possível pagar com recursos próprios.

Quanto custa?

Em média, hoje no Brasil o custo para a instalação de 1kW é de R$ 4 mil, segundo o presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim.

Como o consumo médio de uma família brasileira está em 6 kW, é possível estimar um custo de cerca de R$ 24 mil para a instalação de um sistema que vai atender a quatro pessoas.

“Mas pode sair mais caro, depende da complexidade do projeto”, ressalva Chrispim.

Vale ressaltar que existe a possibilidade de financiar o valor a ser investido ou pagar com recursos próprios.

De acordo com a vice-presidente da Absolar, o retorno do investimento no caso do investimento próprio costuma ser de cinco anos, em uma economia que pode chegar a 85% do preço pago na conta de luz.

Como obter financiamento?

Muitas vezes, as próprias empresas integradoras têm parcerias com bancos que oferecem financiamento para a instalação da geração distribuída.

Grande parte dos bancos de varejo hoje também já oferece esse serviço, após uma análise de crédito comum, similar à que é feita para outros empréstimos.

Com a alta da taxa de juros, no entanto, a opção pelo financiamento tem se tornado menos atrativa. Segundo dados da ABGD, em 2021, quando a taxa de juros estava baixa, 56% dos sistemas instalados no país foram financiados.

“Naquela época, em muitos casos, ficava mais barato pagar a prestação ao banco do que a conta de energia. Não é mais o caso no momento atual”, diz o presidente da ABGD.

No que é necessário prestar atenção na hora de escolher?

É importante lembrar, sobretudo, que o sistema precisa ser de boa qualidade, pois é projetado para durar, em média, 25 anos.

Por isso, é importante pesquisar o histórico de instalação da integradora escolhida, por meio de buscas em redes sociais e sites de reputação de empresas, por exemplo. Vale ainda checar a reputação da empresa integradora junto às associações do setor elétrico.

“Apesar de não ser uma regra, em geral empresas que fazem parte de associações setoriais têm uma preocupação maior com a sustentabilidade do setor e isso as deixa mais alinhadas com as melhores práticas do mercado”, diz Rubim.

A própria Absolar começou recentemente a realizar auditorias e certificações de acordo com a qualidade do serviço, que é classificado em AAA, AA ou A.

“Hoje são mais de 20 mil empresas que ofertam esse serviço no Brasil e está cada vez mais difícil para o consumidor perceber quais são aquelas que têm boas práticas”, acrescenta.

Outro aspecto importante é verificar a procedência e a qualidade dos equipamentos, além de questões de garantia e manutenção.

Chrispim lembra que é necessário ponderar se vale a pena fazer economias pequenas que comprometam a qualidade do equipamento, já que a vida média dos aparelhos é longa.

Ao receber a planta com a localização de onde serão instaladas as placas, o cliente deve se atentar a potenciais locais de sombra que possam afetar a geração e verificar se a integradora está analisando essas questões.

Também é necessário lembrar que é preciso fazer uma limpeza periódica do sistema, por isso é válido perguntar se a integradora oferece esse serviço.

O consultor da Greener, Vinicius Vitti, aponta ainda que é preciso estar atento ao nível de geração depois que o sistema for instalado, para avaliar se está ocorrendo conforme projetado.

Como é feita a instalação?

A instalação dos equipamentos é feita pela integradora e, em geral, leva de dois a três dias. No entanto, ainda é necessário aguardar a liberação da distribuidora local para que, de fato, se possa começar a gerar energia no local.

A validação pela distribuidora tem sido uma das etapas mais demoradas do processo, segundo as associações do setor.

Vou me livrar de vez da conta de luz?

Não. Os usuários que optam por gerar a própria energia ainda pagam as tarifas básicas às distribuidoras, que incluem custos comuns a todos os consumidores, como o uso das redes de distribuição e transmissão, assim como a iluminação pública.

Seguem pagando também pela disponibilidade do sistema elétrico, já que não é possível gerar a própria energia a todo momento, pelas condições climáticas.

Com isso, o consumidor ainda depende da distribuidora para ter energia à noite ou em dias nublados, por exemplo. Esse consumo, no entanto, tende a ser compensado por eventuais excedentes gerados e não consumidos em outros momentos.

Assim, o valor pago à distribuidora depois da instalação da geração distribuída costuma ficar próximo à tarifa mínima, que está em cerca de R$ 100.

Não tenho local para instalar o sistema. O que faço?

Essa é a questão, por exemplo, de quem mora em um prédio ou em residência alugada.

Nesses casos, é possível aderir a um projeto de geração compartilhada, conhecido também como “energia por assinatura”. Nesse modelo, similar a uma cooperativa, o cliente compra os créditos gerados em um local na mesma área da sua concessionária de distribuição.

Na prática, o cliente deixa de pagar pela energia à distribuidora e passa a pagar a uma empresa que gera a energia na sua região. Em geral, esse modelo costuma levar a uma economia de 15% na tarifa final. Não é necessário investimento inicial, o processo é quase todo feito online e a migração pode levar de 30 a 90 dias.

Vitti, consultor da Greener, aponta que essa opção traz maior flexibilidade e menor risco financeiro.

“Naturalmente, a percepção de economia é menor em comparação a sistemas próprios, porém vem se demonstrando uma alternativa muito interessante para quem não pretende investir em um sistema. A facilidade na contratação, averiguação de economia e flexibilidade no cancelamento de contratos torna esse modelo atrativo”, diz.

Outra possibilidade é instalar o sistema em outro imóvel do mesmo proprietário, na mesma área de concessão, para usufruir dos créditos gerados. É o caso, por exemplo, de quem pode optar por colocar as placas solares na residência de um parente ou de uma casa de campo ou de praia.