Offshore

Indústria naval vê gargalos para disputar nova geração de embarcações de apoio 

Financiamento, prazos curtos e novas exigências tecnológicas serão obstáculos para fornecedores brasileiros, segundo fontes do setor

Navios de apoio a plataformas offshore (Foto: RBNA)
Navios de apoio a plataformas offshore (Foto: RBNA)

O mercado de serviço para exploração e produção antecipa um novo ciclo de embarcações de apoio às operações offshore. Há incertezas, contudo, com a capacidade da indústria nacional de capturar a demanda por essa nova geração.

A Transpetro e a Petrobras estão preparando a próxima onda de encomendas de navios para a logística de petróleo e combustíveis. Os primeiros editais estão previstos para janeiro de 2024.

Existe também a possibilidade de mais encomendas de empresas no E&P, em razão da baixa disponibilidade de embarcações de apoio no mercado internacional.

No entanto, especialistas afirmam que, mais importante do que o tamanho da demanda, é assegurar a continuidade das encomendas, para manter os ganhos de eficiência e a curva de aprendizado do setor.

“A iniciativa não deve ter a magnitude de outros programas do passado, mas existe sim uma clara necessidade de renovação da frota”, diz o gerente geral de Desenvolvimento de Negócios em Descarbonização da Wärtsilä Marine, Lucas Correa.

“Com as novas plataformas que vão entrar em operação no país, é necessário ter mais unidades de apoio no mercado nacional”, diz.

O primeiro desafio é a necessidade de recapacitação de fornecedores para atender aos requisitos de redução de emissões, por exemplo, e consumo mais eficiente de combustível.

A dificuldade de acesso ao financiamento também é vista como obstáculo. “Essa atividade precisa ser encarada do ponto de vista do fomento”, diz um empresário do setor de cabotagem que prefere não se identificar.

Há um temor com a viabilidade econômico-financeira para a contratação de barcos de apoio no país, por exemplo. Fontes do setor citam o baixo prazo contratual oferecido pelas petroleiras e as incertezas sobre a demanda de longo prazo.

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Fornecedores alegam que com as atuais taxas diárias é inviável construir um novo projeto para atender a um acordo com o prazo máximo contratual da Petrobras, de cinco anos.

“São necessárias garantias mais robustas e firmes para fazer esses investimentos [em novos navios] hoje, porque muitos investidores estão machucados do ciclo anterior, que não teve o retorno esperado”, diz uma fonte do setor de navegação.

BNDES demonstra interesse em financiar projetos “verdes”

O BNDES discute internamente a possibilidade de criar linhas de financiamento para impulsionar a retomada da indústria naval do país — bandeira que é defendida pelo Planalto e conta com apoio de petistas no Congresso Nacional.

Uma das diretrizes discutidas no Fundo de Marinha Mercante (FMM) é estabelecer critérios de impacto ambiental.

A ideia que o BNDES tem hoje é financiar essas embarcações verdes para renovar a frota em operação. Hoje, 12% das embarcações têm mais de 20 anos.

O FMM é administrado pelo Ministério dos Transportes, por intermédio do Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM), do qual o BNDES faz parte. A principal fonte de recursos é uma cobrança sobre o frete marítimo.