RIO – A indústria de petróleo tem grande sinergia com a atividade de captura de carbono (CCS) no Brasil, disse Raphael Moura, superintendente de Tecnologia e Meio Ambiente da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) nesta quarta-feira (21/6).
Ele falou em entrevista exclusiva ao estúdio epbr durante a ESG Energy Forum do IBP, no Rio de Janeiro (veja a íntegra acima).
“No caso da captura de carbono, nós temos primeiro um grande potencial e sinergias com a indústria do petróleo, nós temos uma indústria do petróleo pujante. No caso específico do pré-sal, a natureza brindou a Petrobras e as empresas que ali operam com reservatórios que têm um nível de CO2 que é alto e que a Petrobras, principalmente, teve que lidar com tecnologias para capturar esse carbono natural produzido dos reservatórios e reinjetar esse carbono”, disse Moura.
“Então claro que com isso a gente passa a desenvolver uma série de tecnologias com esse objetivo de captura e reinjeção de carbono e, mais do que isso, identificando os problemas de engenharia questões de corrosão, por exemplo, para que o país tenha uma vantagem competitiva digamos assim em termos tecnológicos em termos de pessoas também capazes de implementar projetos de CCS.”
Demanda por CCS, hidrogênio e renováveis
De acordo com Raphael Moura, já há uma grande demanda por projetos enquadrados na cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) da agência, tanto de captura de carbono quanto de hidrogênio e energias renováveis. A possibilidade de uso da verba de PD&I em projetos de descarbonização foi aberta no ano passado.
“Em 2022, entrou em vigência a esse novo regulamento que explicitou a possibilidade de investimentos em descarbonização, em hidrogênio, projetos ambientais que aumentem o conhecimento ambiental, e o resultado tem sido excelente. Nós temos uma série de projetos de várias empresas relacionadas a tecnologias de captura de carbono e de ambientes distintos em reservatórios depletados, em rochas basálticas, em aquíferos salinos ou reservatório salinos.”
Hoje, segundo ele, algumas empresas de petróleo já investem mais em pesquisa e desenvolvimento de renováveis do que nas próprias atividades de exploração e produção de óleo e gás.
“Então a gente já tem o portfólio bastante interessante em termos de desenvolvimento tecnológico, hidrogênio. Nós temos de 25 a 30 projetos relacionados ao desenvolvimento do hidrogênio no portfólio da cláusula de PDI da ANP. Sem dúvida alguma essa mudança estrutural ocasional esse salto nos projetos e hoje a gente tem um casamento da estratégia das empresas de descarbonização e a possibilidade de uso desse recurso, que é uma obrigação, e passa a ser uma obrigação bastante e agradável porque é uma obrigação que tá dentro da estratégia das próprias empresas.”
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Exigências para o PD&I
Para enquadrar o projeto no PD&I, a empresa precisa ter o direito à área onde será realizado, seja como dona, por cessão ou por um contrato de aluguel com o proprietário, explica Moura.
“O requisito para se implementar uma planta-piloto é que simplesmente a empresa detenha a propriedade daquela área. Então, por exemplo, uma planta piloto de captura de carbono dentro de uma área de concessão. Então se a empresa já detém a concessão por aqueles anos, se o andamento do projeto estiver dentro daquele período da concessão, não tem problema algum. Caso contrário, a empresa tem que ter uma cessão de uso, por exemplo, daquela área. Se for uma área privada, um aluguel, um contrato de aluguel, para que desenvolva esse projeto. Esse é o requisito é muito simples.”