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Brasil tem vantagem competitiva na eólica offshore por causa do óleo e gás, diz Ricardo de Luca

CEO da Corio Generation no Brasil falou em entrevista exclusiva ao estúdio epbr durante a ESG Energy Forum do IBP, no Rio de Janeiro

RIO – O Brasil tem uma vantagem competitiva em relação a outros países no desenvolvimento da eólica offshore, porque já tem a logística e a estrutura da indústria de óleo e gás, afirmou Ricardo de Luca nesta quarta-feira (21/6). O CEO da Corio Generation no Brasil falou em entrevista exclusiva ao estúdio epbr durante a ESG Energy Forum do IBP, no Rio de Janeiro (veja a íntegra acima).

A Corio Generation pertence ao fundo australiano Macquarie e é totalmente focada em eólica offshore. Tem portfólio de 30GW em projetos no mundo e 5 projetos no Brasil registrados no Ibama.

“A gente foi a primeira empresa a chegar em Taiwan pra desenvolver a eólica offshore. Não tinha nem porto. A gente teve que construir um porto para poder desenvolver o primeiro projeto. Então o Brasil tem porto, já tem conhecimento de toda a eólica onshore, já tem uma indústria estabilizada da eólica onshore e tem uma potência no óleo e gás, então a logística tá toda pronta”, disse Ricardo de Luca.

“A gente já tá fazendo estudos com as empresas de óleo e gás, que estão ajudando a gente a fazer inspeção ambiental, fazer medição de vento. Então todas as empresas que estão aqui por causa da indústria de óleo e gás. Então você não tem essa perda. Pelo contrário, você acelera o desenvolvimento. E é isso que é um dos grandes benefícios do Brasil hoje.”

Leilão precisa ser agilizado

O executivo afirmou que a prioridade é agilizar a cessão de áreas exploratórias para que as empresas possam começar o desenvolvimento dos projetos, que são de longo prazo.

“Só para lembrar que esses projetos de eólica são uma média de oito anos entre desenvolvimento e construção. Então, a primeira fase, que é o desenvolvimento, são quatro anos. Então esse desenvolvimento é para testar viabilidade, testar realmente se existe viabilidade pra gente implementar o projeto”, explicou de Luca.

Segundo ele, o setor tem atuado em Brasília para tentar mostrar os benefícios de começar logo o desenvolvimento desse mercado.

“Só nesse período, para um projeto de 1 GW, são US$ 100 milhões investidos. Então você imagina, são 70 projetos que estão sendo solicitados aí no Ibama. Se 25% desses projetos se viabilizarem solicitação de estudo de área, você tá falando aí de US$ 4 bilhões nos próximos quatro anos pra entrar no PIB do Brasil. Então assim é essa que é isso que a gente está tentando mostrar, a gente tem atuado em Brasília, a gente tem dos Ministérios. E temos falado com os com os congressistas e mostrado a importância de desenvolver essa indústria.”

Decreto já permite cessão de áreas

O CEO da Corio no Brasil afirma que não é necessário o projeto de lei (PL 576/2021) para fazer o leilão, mas esse é o caminho seguido atualmente. Segundo ele, apenas o Decreto Federal nº 10.946/2022 e a Portaria Interministerial MME/MMA nº 3/2022 já seriam suficientes para dar sustentação ao leilão.

“É claro que o projeto de lei dá um conforto legal muito maior. E eu acho que todo mundo está buscando também, mas o decreto já agilizaria alguns processos que no final o projeto de lei vai pedir também, como a cessão da área. Então, a gente queria que esse governo e o MME, e a Aneel, todos os envolvidos acelerassem assim o decreto nesse sentido de você ter os critérios para ter o leilão de cessão de área. E aí você tem um projeto de lei que depois vem e regula em cima. Com esse passo a gente poderia estar ganhando praticamente um ano um projeto.”

O projeto de lei foi aprovado no Senado e está sendo analisado na Câmara. A expectativa de Ricardo de Luca é que o leilão de cessão de áreas para eólica offshore seja realizado no primeiro trimestre de 2024.

“Então a gente vê como um momento importante da gente acelerar o processo, de a gente ter o projeto de lei, que a gente consiga ter pelo menos os principais critérios para você acessar a área. Ter um leilão de cessão de áreas no próximo ano, que a gente gostaria muito que fosse esse ano. Estamos perdendo mais um ano pelo atraso da regulação. Mas que ano que vem a gente consiga no primeiro trimestre ter um leilão de cessão de áreas, que a gente consiga acessar as áreas e começar a estudar essas áreas.”