RIO – O diretor de Transição Energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, afirmou nesta terça (13/6) que a companhia já possui diversos acordos de confidencialidade (NDAs) e memorandos de entendimento (MOUs) assinados com empresas para desenvolvimento de projetos de geração renovável.
“Estamos agora em contato com uma quantidade enorme, bastante relevante de agentes com NDAs assinados, MOUs assinados, para vários negócios que queremos fazer nessa área de renováveis”, disse durante o Congresso de Hidrogênio para América Latina e Caribe, no Rio de Janeiro.
Até agora, foram tornados públicas aproximações com outras empresas para estudo conjunto de projetos envolvendo eólicas offshore, bioenergia e hidrogênio verde e outras rotas de baixo carbono.
“Já estamos falando com várias empresas no Brasil e no exterior. A pública atualmente é a Equinor, que temos sete projetos, totalizando 14,5 GW de capacidade, mas nós estamos fazendo conversações com várias outras empresas petrolíferas e não-petrolíferas”, disse o diretor da Petrobras.
No memorando com a Equinor, as empresas estudam até sete projetos de geração eólica offshore na costa brasileira, com 14,5 GW.
Interesse na geração renovável para eletrólise
Segundo Tolmasquim, uma possibilidade é investir na geração de energia elétrica renovável, em terra e associado à demanda de plantas de eletrólise.
“Temos o planejamento de investir não apenas em eólica offshore, mas estamos pensando a possibilidade de renováveis onshore. É uma possibilidade. E aí conseguimos produzir através da eletrólise o hidrogênio verde”, pontuou.
Conversas com outras grandes empresas do setor foram iniciadas desde março. Com a Shell, projetos envolvem exploração – incluindo a Margem Equatorial e transição energética. Neste caso, com ênfase em renováveis e captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS).
Em maio, foi criado um grupo com a China Energy International para avaliar negócios em geração de energia renovável e produção de hidrogênio verde, o que envolve fertilizantes – produção de amônia verde.
No início do ano, o presidente da Petrobras também se reuniu com executivos da BP e da TotalEnergies, que produzem petróleo e gás no Brasil, e possuem projetos de bioenergia e renováveis.
Hidrogênio é elo da transição da Petrobras
Primeiro ocupante da diretoria de transição da Petrobras, cadeira criada pela atual gestão, Tolmasquim avalia que “o hidrogênio é um elo que liga as várias estratégias da Petrobras ligadas à descarbonização”.
Para o diretor, é possível aproveitar o potencial dos projetos de geração renovável para produção do hidrogênio verde, e do gás natural aliado com projetos de captura, armazenamento e uso de carbono (CCUS), para produção do hidrogênio azul.
“Temos o potencial de produzir o hidrogênio verde através da eletrólise, e o potencial de fazer o hidrogênio azul a partir da reforma do gás mais o CCUS”.
Recentemente, a Petrobras anunciou o projeto de um hub de CCS com capacidade de captura de 100 mil toneladas por ano de carbono, que serão injetados em um aquífero hiperssalino no offshore do Rio de Janeiro.
A ideia é escalar o projeto, até chegar a 25 milhões de toneladas por ano, capturando CO2 de grandes emissores industriais e dos próprios processos produtivos da empresa. A companhia também estuda outros potenciais hubs de CCS pelo país.
Demanda interna por hidrogênio
Além da produção de hidrogênio de baixo carbono, Tolmasquim enxerga no refino e biorrefino da Petrobras uma grande demanda pelo produto.
Atualmente, a companhia representa o maior consumidor de hidrogênio cinza – de origem fóssil – do país, utilizado em refinarias de combustíveis.
“O hidrogênio é o elo que liga as diferentes estratégias da geração da oferta com a demanda”.
Hoje, a companhia, além de derivados fósseis, já produz o Diesel R, um diesel exclusivo da Petrobras, que contém uma parcela de óleo vegetal coprocessado ao petróleo, na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná.
O processo, de hidrotratamento, necessita de hidrogênio e a companhia tem planos de investir para produção do combustível a partir de rotas de baixo carbono.
Também está previsto o início do coprocessamento para produção de Diesel R nas refinarias Presidente Bernardes, em Cubatão (RPBC) e Refinaria de Paulínia (REPLAN), ambas em São Paulo, e na Refinaria Duque de Caxias (REDUC), no Rio de Janeiro.
A Petrobras também anunciou, no final do ano passado, investimentos de US$ 600 milhões para a construção, em Cubatão, da primeira unidade do país inteiramente dedicada à produção de diesel 100% renovável e de bioquerosene de aviação (BioQAV).
“Você pode usar esse hidrogênio para tornar esse diesel e esse bioQAV ainda mais renovável. Como estamos na cadeia, temos como garantir, certificar que aquele produto tem o conteúdo verde”, conclui Tolmasquim.